Eu tinha começado este blog e, em poucos meses, recebi um pedido. Que eu escrevesse uma história sobre um menino autista. Um pouco sem graça, confessei: não sabia nada sobre autismo! E acabei trocando várias mensagens com a pessoa que pediu a história, ela me contando sobre seu menino azul. Fiquei mais e mais curiosa e acabei pesquisando sobre autismo. Mas a história, nunca saiu. 
O tempo passou. Conversei com muitas outras mães com seus meninos e meninas azuis. Descobri as diferenças, encantei-me pelo tema, estudei mais, soube mais. O autismo entrou de vez para a minha vida, mais até do que eu esperava. E a historinha tinha que sair...
Hoje, 02 de abril, comemora-se o dia mundial de conscientização do autismo. O dia em que dizemos as pessoas; ei, é ok ser diferente! <3 O espectro autístico é enorme, abrange diferentes sintomas e torna todos os que nele se encontram bem diferentes uns dos outros. E quem disse que temos que ser iguais? :)

Espero que gostem da história. Especialmente aqueles que, como eu, tem um coração azul! 

beijos em todos!!!


Quer mais informações sobre autismo? Conhecimento nunca é demais, né? Vamos lá! Indico os seguinte sites/blogs:

https://fgapaulalins.wordpress.com/

http://www.carlagikovate.com.br/

http://autismoerealidade.org/

http://www.ama.org.br/site/autismo.html

http://www.revistaautismo.com.br/




6

O menino azul

O menino azul



Existem meninos e meninas de todas as cores: branco, rosa, preto, amarelo e até coloridos. E existem também meninos e meninas azuis. Que podem ser brancos, rosas, pretos e amarelos e até coloridos por fora. Mas por dentro, são azuis. E esta é a história de um deles.
Quando o menino azul nasceu, ninguém sabia que ele era azul. Olhando assim, para ele, parecia meio cor de rosa, bochechudo e resmungão, como quase todos os outros bebês. E ele cresceu rosa, bochechudo e resmungão, como quase todos os outros bebês. Ninguém parecia notar que ele era azul.
O menino azul gostava muito de brincar e de ter pessoas por perto. Mas, às vezes, as pessoas o atrapalhavam. As brincadeiras dele eram só dele, e nem todos entendiam. Ele gostava de ter gente por perto, só que o barulho o incomodava. Porque o menino azul prestava atenção a tudo e ouvia tudo o que todos diziam. E ouvir tudo o que todos dizem pode ser um pouco confuso.
Um dia, o menino azul acordou um pouco mais azul. E no outro, um pouco mais. E cada dia ele ia ficando um pouco mais azul, até que todo aquele azul que crescia dentro dele veio para fora e ele ficou todo todinho azul. Neste dia, todo mundo viu que aquele menino era mesmo azul.
Algumas pessoas estranharam, porque nunca tinham visto um menino azul. Outras, acharam bonito ver alguém tão azul quanto céu em dia de primavera. E o menino azul continuava gostando das mesmas brincadeiras e pessoas.

E como ele era mesmo azul, sua mãe o colocou numa escola muito divertida, que tinha meninos e meninas de todas as cores. E muitos meninos e meninas azuis. Ali, ele conheceu um menino azul claro, que falava sem parar sobre elevadores. Conheceu um menino azul escuro, que não falava nada. Conheceu muitos meninos azuis, de diferentes tons de azuis, todos diferentes dele. E todos iguais a ele, também. Porque cada menino azul é único, mas tem muito em comum com os outros.