Tem um monstro no quarto do Bernardo!
No meio da noite, Bernardo acordou com sede. Levantou-se, foi até a cozinha e tomou um copo d'água. Quando voltou para seu quarto, teve uma estranha impressão. Parecia que alguém se mexia debaixo da cama. Aproximou-se devagar e levou um susto! Saiu correndo para o quarto ao lado, onde dormia sua irmã.
Maria Luzia, acorda, acorda! - gritava Bernardo.
O que que é? - respondeu Maria Luiza, ainda sonolenta, sentando-se na cama.
Tem um monstro no meu quarto!
Deixa de ser bobo, Bernardo, monstros não existem!
Existem sim, e tem um debaixo da minha cama. Vem ver! - e saiu puxando a irmãzinha pelo braço.
Os dois entraram lentamente no quarto do menino. Maria Luiza fazia cara de pouco caso. Ele apontou para baixo da cama e fez-lhe um sinal com a cabeça. Ao mesmo tempo, as duas crianças abaixaram-se silenciosamente e, com muito cuidado, levantaram o lençol. Novo susto para Bernardo e uma surpresa para Maria Luiza.
Debaixo da cama, um estranho e assustado par de olhos os observava. Era uma criatura esquisita, verde, com os dois olhos acima da testa, sendo um maior do que o outro. Maria Luiza o olhou firme e disse: 'sai já daí, monstro!' O monstro obedeceu. Saiu debaixo da cama. Era menor que os dois irmãos e parecia ter medo deles. Timidamente, gaguejou:
Eu-eu-eu não sou-sou-sou monstro!
Quem é você e por que está debaixo da minha cama? - indagou Bernardo.
Meu nome é Zen, e eu não sei bem como vim parar aqui...
Como não sabe? - interrompeu Maria Luiza.
Bom, eu estava fazendo minha ronda intergalática quando minha nave deu uma pane e...
INTERGALÁTICA? - gritaram as duas crianças juntas.
Sim, eu venho do planeta Tí e faço a roda uma vez por mês, para ver se surgiram novas estrelas, se os planetas estão nos mesmos lugares – estas cosias, vocês sabem.
Não, não sabemos!- disse Bernardo.
Mas gostaríamos muito de saber! - emendou Maria Luiza.
Como eu dizia, minha nave deu uma pane e por isso vim parar aqui. Preciso terminar a minha ronda e voltar para casa, mas não sei como fazer isso.
Se nós te ajudarmos, podemos fazer a ronda com você? - perguntou Bernardo.
Se os pais de vocês deixarem, não vejo porque não...
É pra já! E dizendo isso, Maria Luiza saiu voando como um foguete para o quarto dos pais. Enquanto isso, Bernardo foi com Zen começar a ronda. Não a intergalática. A ronda pela casa mesmo, para ver onde teria ido parar a nave do pequeno alienígena.
Maria Luiza entrou na ponta dos pés no quarto de seus pais. Chegou pertinho do ouvido de seu pai e chamou: 'pai, pai, está me ouvindo?'. Seu pai abriu um olho e perguntou: 'aconteceu alguma coisa?' A menina respondeu: 'não. Eu só quero saber se podemos viajar rapidinho!' Sua mãe, ainda meio dormindo, foi quem respondeu: 'Podemos, Lulu, amanhã mesmo viajamos'. A malandrinha saiu de lá pulando. Tinha conseguido a autorização dos pais, afinal. Mesmo que eles não tivessem muita consciência disso...
Bernardo e Zen, a esta altura, estavam agachados atrás da máquina de lavar roupas. Tinham acabado de achar a última pecinha que faltava para reconstruir a nave espacial, que tinha se partido no pouso. E como Bernardo e Maria Luiza eram feras em montar quebra-cabeças, fizeram isso numa rapidez espantosa.
Assim que a nave ficou pronta, Zen deu as instruções. Tinham que se comportar dentro da nave, não poderiam colocar os braços para fora e tinham que usar o cinto de segurança. As crianças se entreolharam. 'Tá. É igual a um carro, né?' - perguntou Maria Luiza. Zen disse que sim, que devemos ter o mesmo cuidado em todos os veículos – neste e nos outros planetas (Bernardo riu muito quando ele disse isso!). E continuou suas explicações.
O mais importante de tudo, disse o pequeno extra-terrestre – é que vocês não podem contar para ninguém o que acontecer esta noite. Se outros humanos souberem da existência do planeta Tí, todo meu mundo correrá perigo!
Os dois concordaram com as condições de Zen e embaracaram na nave. Não sabiam o que esperar, mas estavam numa ansiedade feliz.
A ronda intergalática era mesmo um grande barato! Puderam ver a Terra de longe, passaram juntinho da lua, foram parar em Saturno, onde a nave deu voltas por dentro dos anéis. Passaram ainda por Júpiter, Mercúrio, Marte e Vênus. Zen mostrou uma estrelinha brilhante e disse: 'olhem, ali está Tí!'. Os irmãos pediram para aterrisar e conhecer Tí, mas Zen disse que já estava muito tarde, e que ele precisava levá-los de volta, mas que no caminho de volta lhes contaria uma linda história sobre sua terra.
A viagem de volta foi tranquila. Os dois já estavam com tanto sono que nem perceberam que estavam chegando. Ao aterrisar, os irmãos dormiam profundamente. Zen colocou cada um no seu quarto e voltou para casa.
No dia seguinte, Maria Luiza acordou primeiro. Foi correndo para o quarto do Bernardo.
Bernardo, acorda! Acorda!
O que foi? - Bernardo levantou num pulo.
Esta noite aconteceu?
Bernardo olhou-a assustado. Lançou um olhar à sua volta e tudo parecia igual. Seus livros estavam na estante, seus brinquedos guardados ao lado do armário. Será que sonhara com Zen, Tí e a viagem que fizeram?
Maria Luiza aguardava a resposta com os olhos arregalados. Ela também não parecia acreditar no que acontecera. Perguntou mais uma vez:
E então, aconteceu ou não?
Não sei. Tudo parece igual... - e, dizendo isso, Bernardo abaixou-se para ver se achava algo debaixo da cama. Olha! - Bernardo deu um grito.
O que? O que?
Olha isto aqui! - enfiando-se debaixo da cama, Bernardo pegou uma pedrinha. Neste mesmo momento, sua mãe entrou no quarto.
Bom dia, Bê, bom dia, Lulu - e, aproximando- se dos dois, viu a pedra. Que pedra é esta, meu filho? - perguntou.
Eu dei de presente para ele! - apressou-se em responder Maria Luiza.
É, e eu tenho que guardar para sempre! - continuou Bernardo.
Está bem, então guardem a pedrinha e venham tomar o café da manhã antes que esfrie.
Bernardo guardou a pedra no alto da estante, com sua irmã e sua mãe observando-o. Ao saírem do quarto, Bernardo e Maria Luiza sorriram um para o outro. Eles ouviram a historinha na nave espacial: aquela era a pedrinha azul de Tí, que Zen os mostrara na noite anterior - e lhes disse que a pedra tinha o poder de proteger quem a possuísse. A noite anterior tinha acontecido de verdade!
Bernardo e Maria Luiza sabiam que não veriam Zen novamente. E também sabiam que, com a pedrinha azul ao seu alcance, não precisavam ter medo de nada, pois estariam sempre protegidos.
E quanto a vocês, prestem atenção! Uma vez por mês Zen faz sua ronda intergalática. Se algum dia você achar que tem um monstro debaixo de sua cama, não se apavore. Pode ser que a nave de Zen tenha quebrado de novo e ele tenha ido parar no seu quarto. E, se achar uma pedra azul no seu quarto, guarde-a com carinho. É sinal de que um ET passou perto de você e lhe deixou um presente. Uma pedra mágica que sempre vai lhe oferecer proteção.
4 comentários:
Nossa, queria ter tido vc na minha infância, talvez eu não teria certos medos..rsrs..Bjs Elaine.
Você não teve, mas o Arthur tem!!! :-)
Beijos mil
Verdade, verdadeira..rsrs!!!
Ótima história!!!! Minha filha Vitória e eu tivemos um momento deliciosa de leitura...aoa 7 anos ela ja aprecia uma boa história...e pediu pra que eu te diga que ela amou!!!!
Parabens pelo blog, que conheci recentemente, mas ja está na minha barra de favoritos!
Bjos meu e da Vivi!
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