Não atire o pau no gato. E não puxe o rabo dele, Arthur!
Arthur era um destes meninos impossíveis. Fazia muita, mas muita bagunça mesmo, durante o dia inteirinho. Sua mãe estava sempre de olho, preocupada com as traquinagens do filho. E não tinha jeito, ela falava e falava, colocava de castigo, fazia e acontecia. E nada! Passava o castigo e a vontade de aprontar do Arthur não passava.
Por ser tão levado, Arthur tinha muitos amigos na escola. E todos topavam qualquer brincadeira que ele sugeria. E que brincadeiras eram aquelas! Enquanto as outras crianças só brincavam de pique, Arthur inventava um novo jogo. E era sempre complicadíssimo, uma loucura! Tinha corridas, saltos, cambalhotas e afins. A turma toda adorava as doideriras que ele armava e se divertia pulando junto com ele.
Apesar de ser tão bagunceiro, Arthur era bem-educado, obediente, estudioso. E, influenciado por seus pais, era louco por bichos. O sonho dele era ter a casa cheia de cachorros, igual que seu pai tivera na infância. Mas a mãe dele dizia que não dava, porque viviam em apartamento, e o bichinho ia ficar sozinho. No fundo, ela tinha medo. Sabia que, por causa do trabalho de seu marido, não tinham residência fixa. Não queria ter um animal em uma situação tão instável – poderiam ter que se mudar a qualquer hora e seria mais uma preocupação levar um bichinho. Só que Arthur era um menino bastante obstinado. E quando ele cismava com uma coisa, tratava de correr atrás do que queria.
O menino entendia as razões de sua mãe. Como a família passava o dia inteiro fora de casa, ter um cãozinho seria realmente difícil, já que eles demandam companhia. Mas Arthur não era bobo. Conversando na escola com o Tiago, descobriu que os gatos ficam o dia todo sozinhos em casa, numa boa. E ele adorou esta ideia! 'Quem não tem cão, brinca com gato', pensava ele, adaptando o dito à sua realidade. E foi assim que nasceu no menino o desejo incontrolável de ter um gatinho.
Arthur começou uma verdadeira pesquisa acerca de gatos. Procurava livros sobre eles, conversava com pessoas que tinham gatos. Em pouco tempo, sabia dizer as preferências de um angorá e de um siamês. E insitia, com sua mãe, que queria um bichano. 'Eu também quero, Arthur, mas agora não dá!' - respondia a mãe, ela mesma uma adoradora de felinos. Mas o menino, como eu disse, era obstinado. Não fosse por isto, esta história teria outro desfecho.
Estava o Arthur um dia na escola, levado como sempre, quando ele viu. Ali, a poucos metros de distância, tendo acabado de pular do muro. Uma bolinha de pêlos que mia. Um gato!
O menino mal podia caber em si de tanta felicidade! Ele sabia que, se chegasse em casa com o bichano, sua mãe ficaria toda derretida, e ele acabaria conseguindo o amigo que buscava. Com muito cuidado, aproximou-se do gatinho e o pegou. Escondeu-o embaixo do casaco e foi para a sala de aula. Gentilmente, pôs o felino dentro de sua mochila e fechou, deixando uma brechinha para que ele respirasse.
Acontece que nem tudo que a gente pensa ocorre da forma que a gente quer. O menino estava feliz da vida, querendo levar o gatinho para casa e achando que já tinha conseguido. Só que aí o Mauro voltou do recreio comendo um sanduíche. E de queijo ainda por cima. Não se sabe bem como aconteceu, porque foi tudo muito rápido. O gatinho deu um salto da mochila, avançando no sanduíche do Mauro. Arthur, numa reação instintiva, agarrou-o pelo rabo, com medo de que caísse de mau-jeito e se machucasse. Pronto. Estava armada a confusão.
A professora de Arthur assitira à cena toda e por mais que o menino falasse mil vezes que não puxou o rabo do gato para machucá-lo, ela não acreditou. Foi falar com a diretora, que chamou os pais do Arthur na escola, que o colocaram de castigo. Não pelo puxão no rabo, porque ele falou a verdade para seus pais e eles sabiam que o filho era levado, mas não era mentiroso. Ficou de castigo por ter metido o gato na mochila, porque ele podia ter machucado o bichinho sem querer.
Passada a confusão e o castigo, Arthur via que o ruim de ser bagunceiro é que as pessoas duvidam um pouco de você. A professora até hoje não acredita que ele não estivesse fazendo uma maldade com o gatinho. Justo ele, que gosta tanto de animais... Mas o pior de tudo não é isso. A professora cismou que ele tinha feito isto porque tinham cantado o 'Atirei o pau no gato' na véspera. Convenceu a diretora que não poderiam mais cantar músicas assim na escola.
Ter ficado sem o gatinho era bem ruim, Arthur achava. Mas chato mesmo foi ter ficado com fama de malvado. E sem poder cantar musiquinhas na escola...
3 comentários:
Nossa, linda e educativa essa historinha e tem o rei mais lindo e sapecado mundo meu Arthur..rsrsrs.. desculpe não pude me conter de felicidade, mas sério sabe o que me deixa mais feliz é esse seu jeito de contar uma historia mostrando o bom exemplo sem perder o encanto e a simplicidade que uma historinha infantil deve ter...é eu sei hoje eu extrapolei o comentário..é.. mas tá valendo pela minha alegria de ver retratado aqui a peraltice e ingenuidade do meu pequeno. Beijos e muito obrigada!!!
Arthur e Elaine
Que história mais bacana, você conseguiu falar de tantas coisas importantes de um jeito tão simples e educativo como Elaine disse.
Eu levei um gatinho pra casa uma vez, hehehe!
Beijocas.
Aretusa, mamãe da Doce Sophia
É Aretusa,a Dadá sabe passar estas as mensagens para os pequenos!
Ps: Aretusa adoro quando vc se despede como mamãe da Doce Sophia..muito carinhoso!! Beijos
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