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Nas nuvens

Nas nuvens





Ele estava brincando distraidamente no quintal. Colocou o barquinho dentro de uma pequena poça d'água, herança da chuva de véspera. O barquinho dava um giro e parava. Ele ria. O sol estava morno e uma brisa suave afastava o calor. Um perfeito dia de férias, no inverno.

Ouviu o canto de um pássaro e olhou para o céu. E foi então que avistou. Lá, no alto, estavam elas. As nuvens.

Sentou-se no chão e ficou olhando para o céu. As nuvens vinham das mais variadas formas. Tinha cachorro, gato, elefante, leão... Sabia o que isto queria dizer. As fadas deviam estar fazendo uma tremenda festa no alto do céu! Continuou olhando durante bastante tempo. Quando viu surgir, no meio de tantas nuvens de bichos, um hipopótamo, achou que não dava mais para esperar. Queria ir para lá brincar também.

Entrou correndo em casa e anunciou para a mãe:

  • Rápido, mãe, me leva que eu preciso pegar um avião.

A mãe, distraída trabalhando, mal levantou os olhos da tela iluminada à sua frente.

  • Avião para onde, Tito?

  • Para o céu! Quero brincar nas nuvens junto com as fasdas!

  • Meu filho, hoje não dá! Estou super ocupada, você devia ter me avisado com antecedência.

  • Mas, mãe... é rapidinho! É só você me levar, eu pego o avião e pronto!

A mãe ouviu novamente a palavra avião e aproveitou a deixa:

  • Passagem de avião não se compra na hora, filho. Você tinha que ter feito reserva!

O menino, frustrado, saiu de cabeça baixa. Voltou para o quintal - as nuvens ainda estavam lá, esperando por ele. Teve uma ideia. Entrou em casa correndo, foi até seu quarto, mexeu na gaveta. Achou!

Haviam sobrado do seu aniversário. Um pacote de bolas de encher. Começou a soprar com força, uma a uma. Logo, tinha um buquê de bolas em suas mãos, amarrado por um barbante. Voltou ao quintal.

A brisa veio e foi e nada. Que decepção! As bexigas não conseguiam erguê-lo no ar. Resolveu soltar as bolas. Uma rajadinha de vento bastou para levá-las bem alto. 'Elas queriam ir sem mim', pensou, triste.

Avistou uma girafa no meio das nuvens. A vontade de ir brincar era muito, muito grande. Lembrou-se da casa do vizinho. Devagar e com cuidado, subiu no muro. Em um piscar de olhos, deu um pulo para o outro lado. E correu para o terraço do vizinho.

No meio do terraço, algo que ele conhecia bem. Já havia estado ali muitas e muitas vezes brincando com seu amigo Léo. Adoravam disputar quem pulava mais alto ali, no trampolim. Léo não estava junto desta vez e tudo o que Tito queria era dar um pulo bem alto até as nuvens.

Deu um pulo alto. Não alto o suficiente. Tentou de novo. E de novo e de novo. Tentou até cair, exausto, para fora do trampolim. Não dava. Por mais alto que pulasse não conseguia alcançar o céu. Deu um último pulo. Do muro do vizinho para o quintal de sua casa.

Tito estava cansado, mas não desistia. Queria muito brincar nas nuvens. E passou o resto da tarde tentando: usou sua pipa, pediu que o primo o levasse de asa-delta, ofereceu-se como menino bala no canhão do circo. Nada! Parecia que ele não conseguiria mesmo ir brincar com as nuvens, afinal.

No alto do ceu, as fadas continuavam fazendo seus bichos de nuvens. Riam e riam sem parar. Até que uma pequena fada, Liz, tropeçou numa nuvem – 'quem inventou de colocar uma cobrinha no meio do caminho?' - e deu de cara com a Terra. Avistou Tito. Viu sua tristeza, sua vontade de brincar nas nuvens. E quis brincar com ele também. Chamou as outras fadas e mostrou – 'olhem, um menino! Ele quer brincar com as nuvens, também!' Não podia, elas sabiam. Mas queriam vê-lo sorrir.

As fadinhas pegaram pedacinhos de nuvens e começaram a fazer seus bichos em miniatura. Cada um mais lindo que o outro, fizeram um zoológico completo. Juntaram-se todas em uma mesma nuvem e sopraram, com toda força, seus pequenos animais para a Terra. O vento bateu forte e os levou, seguindo a indicação das fadas.

Tito tinha acabado de desistir de subir aos céus quando elas chegaram. Uma por vez, pequenas nuvens em formatos de bichos. Ele não podia acreditar naquilo! Começou a correr pelo quintal, feliz, rindo e brincando com suas pequenas nuvens de bichos. Não quis jantar, só parou na hora de dormir. Estava radiante.

O menino deitou-se e olhou para o teto. Sorriu e disse: 'obrigado!', pensando nas fadinhas do céu.

Do alto de uma nuvem fofinha, Liz também preparava-se para dormir. Ouviu a voz de Tito. Olhou para a Terra, pensando no menino. 'De nada', respondeu.

Deste dia em diante, vez por outra se falavam. É muito bom termos amigos. Mesmo quando eles estão tão longes que não podemos brincar juntos...

1 comentários:

Aretusa disse...

Bem, toda vez que leio história de fadas pra Sophia, mesmo que não seja com a Sininho, a gente bate palmas e repete: eu acredito em fadas, eu acredito em fadas!!
Sophia ainda não brinca de dar forma de bichinhos pras nuvens, eu quem dou, mas esses dias vimos um pôr do sol cor de rosa, que como ela diz, "que lhindooo!!"
Beijocas,
Aretusa, mamãe da Doce Sophia

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