Uma história de fantasma
Era tarde da noite quando eu tive sede. Levantei da minha cama e fui até a cozinha pega rum copo d'água. Já voltava para o meu quarto quando ouvi um barulho. Um barulho estranho, que eu nunca tinha ouvido antes. Um som metálico junto a estranhos grunidos. 'É um fantasma!', pensei, e saí correndo.
Fui para o quarto do meu irmão, que é dois anos mais velho que eu.
Acorda, acorda, acorda! - gritei desesperado
Que foi, João? - meu irmão resmungou sonolento.
Tem um fantasma no telhado! - afirmei
Está maluco, João? Fantasmas não existem!
Mas este existe! Vem ver, só! - e puxei meu irmão pelo braço.
Fomos até o corredor que separava nossos quartos. De lá, ouvia-se bem. Tiiiiimmmm Tiiiiiimmmmmm Aiiiiiiuuunnnnnn. O som metálico das correntes junto aos ganidos dava um efeito assustador. Tremi de medo. Olhei para o lado e vi meu irmão com uma cara esquisita.
Que foi? Acredita em mim agora, não é?
Mais ou menos.
Como assim?
Acredito que o barulho é esquisito. Mas não sei se é fantasma.
Claro que é! Você não está ouvindo as correntes e os gemidos? Isto é muito fantasmagórico!
Vamos lá ver o que é, então, e tiramos a teima.
Eu, não!
Ah, vai, sim! Me acordou e não quer ir? Vamos os dois!
E aí foi meu irmão que me arrastou pelo braço. Passamos no quarto dele para pegar todo o material necessário para irmos até o telhado: pegamos uma espada de papelão, um óculos com visão de raio-x e uma lanterna grande. Estávamos preparados para a nossa missão.
Saímos devagar pela cozinha e demos a volta na casa. Do lado de trás tinha uma pequena escada que dava no telhado. Meu irmão foi na frente. Eu fui logo atrás. A escada era estreita e tivemos um pouco de dificuldade de subir, mas conseguimos.
Chegamos ao telhado. Tinha muitas folhas por todos os lados. Vimos vestígios de ninhos de passarinho e muitas teias de aranha - ainda tinha uma por lá. Mas, fantasma, não tinha. Andamos com cuidado para não cair. Acendemos a lanterna e iluminamos tudo. Nada. Não tinha nada ali!
Viu? Devia ser algum passarinho que já voou!
Foi só meu irmão dizer isto que ouvimos um ganido baixinho. Dei um pulo para trás, tamanho o susto que levei.
No cantinho do telhado, debaixo de umas telhas, estava o nosso fantasminha. Que não era fantasma nenhum! Meu irmão estava certo, afinal: fantasmas não existem! Mas filhotinhos perdidos, sim!
Ela estava enrolada na correia de uma bicicleta. Não sabemos como ela chegou ali, nem como se enroscou naquela correia. Mas estava ali: uma pequena gatinha, com frio e com medo. Meu irmão a pegou com cuidado e a levamos para casa. Demos leite e a colocamos para fora. Mas... quem disse que ela foi? Entrou de volta pela janela e nunca mais nos deixou.
Não achamos fantasma. Mas eu perdi o medo deles. E ainda ganhamos um presente. Nossa gatinha, que como não poderia deixar de ser, demos o nome de Alminha. Porque eu achava que ia ver uma alma penada e só vi uma gatinha!
1 comentários:
Uma graça de historinha!! Adorei!!
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