A partida de futebol
Era um domingo de sol e, como em todos os domingos, dia de futebol. Naquele domingo, no entanto, não haveria apenas uma partida: seria a decisão do campeonato! As duas maiores torcidas, cada uma de um lado do arquibancada, veriam seus craques correndo atrás da bola, deslizando pelo campo, buscando o tão sonhado gol. Todos estavam eufóricos!
Pouco depois das três o estádio já estava cheio. Os jogadores, na concentração,
combinavam o modo de ataque, a melhor defesa. Cada movimento contava, eles sabiam. Futebol é um jogo de equipe: precisavam estar bem afinados, todos no mesmo tom, para saírem vencedores. Dois times, dois concorrentes e a mesma vontade de levantar a taça.
Às quatro em ponto o juiz apitou e o jogo começou. E começou bem começado, com Dedé correndo direto entre seus oponentes, na gana de alcançar o gol. Conseguiu passar ligeiro e deu um chute forte...que foi parar nas mãos de Diego, o goleiro do outro time. Este foi apenas o primeiro de muitos lances ousados. Todos os jogadores, naquele domingo, viraram atacantes: todos eles queria fazer um gol, para desespero dos goleiros, que viravam e se reviravam como dava, tentando impedir a redonda de tocar o lado de dentro da rede.
Em uma jogada não ensaiada, Thiago conseguiu vencer a barreria inimiga e, para desespero de Fernando, o goleiro, marcou o primeiro ponto do jogo. Um a zero, a arquibancada do lado de cá quase veio abaixo! Gritos de 'é campeão' faziam tremer o estádio inteiro, enquanto o jogador, orgulhoso, jogava beijos para a plateia.
A disputa continuava acirrada e, não demorou muito, foi a vez da outra torcida comemorar. Alex conseguiu vencer a barreira de Diego e empatou o jogo, sob o grito de 'Vamos virar!' de sua torcida.
Bernardo passando para Felipe, Leandro impedindo, se jogando na frente da bola.
É falta! Foi no calcanhar dele! - gritava a torcida de cá.
Foi na bola! Foi na bola! - gritava a torcida de lá.
O juiz correu para o lance, mas não tinha visto o que acontecera. Lançou um olhar de súplica para o bandeirinha, que acenou. Foi falta, sim. Marcada na hora, o jogo seguiu.
Vieram outras faltas, veio um pênalti – perdido, para desespero do batedor e da torcida inteira! - vieram muitos lances. Gol, mesmo, não vinha. E então, de repente, veio, sem ser convidada, uma presença inesperada.
No meio daquela confusão de ataque e defesa, caiu o primeiro pingo sem que ninguém sentisse. Por pouco mais de um segundo, porque em seguida ela veio forte e impiedosa. A chuva!
A chuva encharcou os jogadores em minutos. A arquibancada esvaziou rapidamente, com muitos procurando abrigo. Os fanáticos continuaram ali, torcendo, empurrando os times para a frente. Os jogadores caíam no campo molhado, levantavam imundos. E continuavam correndo atrás da bola.
Os jogadores poderiam ter suportado a chuva o resto da partida. Era uma decisão de campeonato, afinal, não deveriam desistir por conta de um tantinho de água a cair do céu. Mas nem todo mundo pensava assim...
A primeira a aparecer, exatos seis minutos depois do começo da chuva, foi a Dona Almerinda. De capa e segurando um guarda-chuva, gritou para o artilheiro Dedé:
André, sai da chuva agora! Não quero você resfriado! Vamos embora para casa!
O menino não teve tempo de argumentar:
Mas, mamãe...
Nem mas, nem meio mas. AGORA! - disse, firme, obrigando o menino a deixar o campo.
Em seguida vieram a Dona Laura, a Dona Estela, a Dona Carmela... uma a uma, todas as mães do bairro correram até o campinho para levar seus campeões para casa.
A arquibancada improvisada com cadeiras de praia logo deixou de existir e o campinho de terra batida virou uma enorme poça de lama. Que triste fim para um campeonato... Mas só até domingo que vem, porque aí já é outro dia, com novos ânimos, muita animação e a vontade de ver seu time ser campeão de novo. Porque quando se é criança, todo domingo é dia de campeonato. E todo mundo que sabe aproveitar isto já é um campeão.
5 comentários:
Muito legal essa historia
Meu filho adorou esta historinha!!! Disse que quer outra...
Meu filho adorou esta historinha!!! Disse que quer outra...
Meu filho adorou também. Ótima narrativa.
Meu filho deivid amo a história
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