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O Lobo Bom


O Lobo Bom





Havia, há não muito tempo atrás, uma grande floresta verde situada entre duas grandes cidades. Esta floresta tinha tudo o que uma floresta tem: muitas árvores, uma cachoeirinha, pedras por todos os cantos e muitos, muitos animais. Tinha formiguinhas pequenininhas e formigonas vermelhas. Tinha macaquinhos que ficavam pulando de um galho para o outro. Tinha esquilo, tucano, raposa... todos os bichos que você imaginar e mais alguns. E tinha um lobo. Um lobo bom. Este lobo era tão tão bonzinho que chegava a ser meio bobo. Os outros animais faziam gato e sapato dele, brincando com ele o tempo todo e pedindo ajuda para as mais variadas tarefas – ele era o animal mais forte dali, auxiliava a todos os outros no que precisassem. Em toda a floresta o lobo bom era conhecido e amado. Naquela floresta sem leão, ele era o rei da bicharada!

Só que fora da floresta não sabiam que o lobo era bom. Então a floresta se mantinha ali, quietinha e verdinha entre as cidades, com os uivos do lobo bom mantendo os homens à distância- o que os homens não sabiam é que os uivos nada mais eram do que a cantoria do lobo. Ele era um ótimo amigo, mas péssimo cantor!

O tempo foi passando e as cidades foram crescendo. Até que um dia um homem se aventurou pela floresta. Assim que chegou, esbarrou com o lobo. Perdeu a cor, achou que o lobo fosse abocanhá-lo ali mesmo. Mas, como o lobo era um tremendo boa-praça, se aproximou sorrindo e dando as boas-vindas ao estrangeiro.


- Olá, seja muito bem-vindo à Floresta Verde. Eu sou o lobo, e aqui temos todos os animais que você queira conhecer. Temos uma cachoeirinha, muitas flores e árvores cobertas de frutas. Todos são amigos e aqui todo mundo é bem-vindo!

- Mas, ora, ora, um lobo que reina em uma floresta verde. E você, por acaso, não morde quem entra aqui?
- Claro que não, aqui só mordemos frutas, respondeu o lobo, rindo muito.

- Que beleza de floresta. Eu preciso ir, mas voltarei outra hora.
- Será sempre bem-vindo.

O que lobo bom não sabia é que o homem era mau. Até este dia, o lobo nunca vira maldade de perto. Mas era, era um homem mau. E que tinha muitos outros amigos, tão malvados quanto ele.

O homem mau disse que ia voltar, e voltou. Voltou no dia seguinte, com vários outros homens, tratores, escavadeiras. Em questão de horas eles destruíram a floresta inteirinha, juntando as duas cidades em uma única, enorme, cinzenta massa de gente e prédios.

Os animais, assustados, tiveram que fugir correndo. O lobo, desolado, comandou a fuga, garantindo que nenhum animalzinho, por menor que fosse, ficasse esquecido.

Os animais andaram durante muito, muito tempo, até que encontraram um novo cantinho. Era uma floresta bem menor do que a primeira, mas era uma floresta. Tinha árvores, flores, frutas e espaço para todos. E, bem no cantinho da floresta, tinha uma casinha. Nesta casinha morava uma Vovózinha que adorava fazer doces para receber sua neta. Assim que se instalaram, o lobo foi conversar com a Vovózinha e contou tudo o que acontecera a ele, seus amigos e sua antiga morada. A Vovózinha, que já conhecera vários homens maus, sabia que era questão de tempo até que viessem atrás da sua floresta. Então teve uma ideia genial. Chamou seu amigo lenhador, sua netinha, convocou os novos amigos e, juntos, decidiram: daquele dia um diante, ninguém mais saberia que o lobo é bom.

Hoje em dia, quem passa pelas florestas, se assusta ao avistar um lobo. Graças à invenção da Vovózinha, todos caíram na farsa do lobo mau. E em todas as florestas que um homem mau tentar se aproximar, o lobo vai uivar e assustá-lo. Mas as crianças... ah, as crianças não são tão fáceis de enganar! Então, se algum dia você cruzar com um lobo, já sabe: dê-lhe uma piscadela de olho. Assim, você vai mostrar para ele que sabe que ele é um lobo bom. E ele vai saber que, quando crescer, você vai ser uma pessoa boa, que sempre o ajudará a cuidar das poucas florestas que ainda restam por aí.

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