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CHAPEUZINHO VERMELHO EM CORDEL


CHAPEUZINHO VERMELHO


Por: Rosa Regis


Há muito e muito tempo

Havia uma menininha

Meiga, carinhosa e doce,

Que morava com a mãezinha

Numa casinha distante

Da casa da vovozinha.


Sempre que a sua mamãe,

O que amiúde ocorria,

Fazia doces gostosos,

A menininha pedia:

- Me dá a colher, mamãe!

Gulosamente, lambia.


E pedindo a sua mãe:

- Mamãe, deixe-me levar

Uns bolinhos pra vovó

Antes mesmo de esfriar.

Eles estão tão gostosos!

Sei que ela iria adorar.

A mamãe, pensando um pouco,

Disse:- Filha, não dá certo!

Sua vovó mora longe...

Eu soube que aqui por perto

Andava um lobo faminto,

Perigoso... Muito esperto!


Poderá mesmo atacá-la

Pois a estrada é deserta

E a casa da sua avó

É logo após a floresta

Onde o mesmo poderá

Bem esconder-se, na certa.

Mas a menina lhe disse:

- Mamãezinha, eu sou esperta!

Já estou com sete anos!

Já sou grande. E fico alerta!

Qualquer que seja o ruído,

Corro e grito! Esteja certa.


A mãe cedeu e, então,

Na cabeça lhe botou

Uma capinha vermelha

Que a sua avó tricotou

Cujo nome: “Chapeuzinho

Vermelho” a vovó bordou.


Chapeuzinho sai pulando

E cantando alegremente.

Lá se vai pela floresta

Sem nada lhe vir à mente

A não ser o fato de

Estar feliz e contente.


De repente ouve uma voz

Que lhe chama bem baixinho...

É o lobo, fingindo ser

Um animal manso e bonzinho...

Que apenas quer conhecer

A menina “Chapeuzinho”.


Pergunta aonde ela vai

E ela, inocentemente,

Diz: - Vou visitar vovó

Que mora ali mais na frente,

Numa casinha amarela.

Sem malícia, alegremente.


E o lobão, satisfeito

Com a informação que colheu,

Da inocente menininha

Se despediu e correu

Para a casa da avozinha

A quem, de pronto, comeu.


Foi chegando e foi batendo

Na portinha da vovó

Dizendo: - Eu sou Chapeuzinho!

Venha aqui vovó, vê só

Os bolinhos que eu lhe trouxe

E o meu cãozinho Totó!


Então, a vovó abrindo

A porta, já se espantou!

Quis correr, porém o lobo

Tão logo a viu a agarrou

E a engoliu, inteirinha.

Nem sequer a mastigou.


E aí, falso que era,

Pôs a roupa da vovó,

Seus óculos e sua touca,

Na cama, escutem-me só,

Deitou-se e depois cobriu-se

Dos pés até o gogó.


É quando chega a menina,

Cantando, toda faceira,

Trazendo um feixe de flores

Feito à sua maneira,

Para a vovó, sem saber

Que fizera grande asneira.


Pois que, inocentemente,

Fornecera ao inimigo,

O endereço da avozinha

Sem perceber o perigo

Que uma e outra corriam.

Parecia até castigo.


Castigo por não seguir

Os conselhos que a mãe deu

Quando ela, Chapeuzinho,

Daquele estranho acolheu

Informações mentirosas

Que o mesmo lhe forneceu.


Mas, sem de nada saber,

Bate na porta contente

Chamando pela vovó

Empunhando, alegremente,

As belas flores colhidas

E o bolo ainda quente.


O lobo que já tomara,

Na cama, da avó, o lugar,

Diz assim: Entre netinha!

Não posso me levantar.

Estou fraca, doentinha,

Quase não posso falar.


E Chapeuzinho, inocente

Que era, entrou sem temor.

Mas ao vê-la estranha um pouco:

- Vovó... Oh!... Mas que horror!

A Senhora está mudada

Em tudo! Até na cor.


Seu corpo está diferente.

Sua cabeça também.

Pés e mãos, unhas e dedos.

Parece mais sabe quem?

Um lobisomem, vozinha!

Mesmo assim te quero bem.


- Pra que esses olhos tão grandes?

Perguntou-lhe Chapeuzinho.

- São para te ver melhor!

Disse o lobo, sem carinho.

- E esse narigão Enorme?!

Nariz não! Isso é focinho!


- É Para sentir o cheiro

Da comida deliciosa

Que está na minha frente.

Diz o lobo todo prosa.

E Chapeuzinho se afasta

Já um pouco receosa.


- E essas mãozonas grandes

E peludas, pra que são?

Inquiriu-lhe a menininha

A pulsar-lhe o coração.

O lobo respondeu cínico:

- Elas te segurarão.


- E essa enorme bocarra

Com dentes de arrepiar?

Disse-lhe o lobo: - É com ela

Que eu vou te abocanhar,

Te mastigar, te engolir,

Pra minha fome matar.


Dizendo isto, o lobão

Saltou da cama e atacou

A menina, que correu

O mais que pode e parou

Tão somente quando um homem

Seu caminho atravessou


Era um caçador que vinha,

Há dias, a procurar,

Em caçada, aquele lobo

E, ao vê-lo se aproximar,

Livra a menina e atira

Para o bicho derrubar.


E o lobão, que pensava

Que naquela fantasia

De “Vovó da Chapeuzinho”

A todos enganaria,

Ao caçador não engana.

E este acerta a pontaria.


Mas, pra sorte do malvado,

O caçador atirou

Apenas pra derrubá-lo.

E o seu intento alcançou.

O lobo caiu gemendo

E, blasfemando, ele uivou.


E do enorme barrigão

Do lobão, o caçador

Ouve uma voz suplicante:

Socorram-me, por favor!

É a voz da vovozinha

Que está cheia de pavor.


Aí chega Chapeuzinho,

Que já parou de correr

Com medo do lobo, mas

Com o corpo ainda a tremer,

Implorando ao caçador

Pra sua avó socorrer.


O caçador que, coitado!

Não quer ao lobo matar,

Procurou no povoado

Quem o pudesse ajudar,

Surgiu um veterinário

Disposto a cooperar.


E munido de um bisturi

Faz uma boa incisão,

D’onde tira a vovozinha,

Na barriga do Lobão,

Fechando-o logo em seguida

Como um bom cirurgião.


Assim, salva a vovozinha

Sem, também, sacrificar

O “Lobo Mau”, que era apenas

Um animal a caçar

E voltará à floresta

Quando a barriga sarar.


Afinal, passado o susto,

Chapeuzinho então lembrou

Para que viera ali

E para a vovó mostrou

A cestinha com os bolinhos

Que, a esta altura, esfriou.


A vovó, agradecida,

Ao caçador convidou

Para, juntos, os três comerem

Bolinhos. E ele topou.

E com suco de laranja,

Comem. E a estória acabou.


---

Acabou com tudo bem!

Que é como deve acabar

Uma estória pras crianças

Que estão a se formar.

Outras estórias virão,

Refeitas ou criação,

Com o intuito de educar.

...


Recriei para as crianças,

Ou melhor, cordelizei,

Só transformando um pouquinho

A bela estória. E busquei

Regar com um pouco de humor

Este cordel que formei

Gerado do original.

Imagino que “legal”

Saiu. Só sei que eu gostei.


FIM


Rosaregis3erres@yahoo.com.br

rosadocordel@hotmail.com.br

rosaregisdocordel@gmail.com



www.rosregispoetisa.net


2 comentários:

carol disse...

Mensagem da Carol ,

Davi te adoro.

Eneida,
Muito boa esta versão, Carol gostou muito.

Bjos,
Letícia

Rosa Regis do Cordel disse...

Só agora eu vi meu texto publicado aqui. Obrigada!

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