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Como montar uma biblioteca mirim

Como montar uma biblioteca mirim



Quando descobri que estava grávida, pensei, como todas as futuras mamães, em como seria o rostinho do meu filho. Comecei a pensar no seu enxoval, na primeira roupinha, no seu quartinho. E fiz outra coisa. Algo que nem todas as mães fazem, ao menos não de imediato. Comecei a planejar como seria a sua biblioteca. E assim foi que, junto com a saída de maternidade, comprei o primeiro livro do meu filho – 'A bolsa amarela', da Lygia Bojunga (Lygia Bojunga Nunes na minha edição), o meu livro preferido quando eu tinha 8 anos de idade.

Tornar o/a filho/a um amante dos livros é o sonho de muitos pais. Mas as crianças não chegam aos livros sozinhas. Para ajudá-las a ingressar no fantástico mundo da leitura, é necessário um empenho inicial dos pais. Com um pequeno estímulo, os pequenos se tornam felizes leitores.

De início, algumas considerações. A primeira, que gosto de frisar, é de que não sou educadora. Meu conhecimento é empírico: aprendi, na prática, do que as crianças gostam – aprendi sendo irmã e prima mais velha, tia, e, finalmente, mãe. O que eu dou aqui são dicas, e não modelo didático a ser seguido. Bom, dito isto, dividi este artigo em tópicos, para facilitar a leitura - e também a sua execução. Dou algumas sugestões de livros e autores para cada fase da criança, e depois umas dicas gerais. Vamos lá.





Para cada idade, um tipo de livro





O a 2 anos de idade: os indestrutíveis!

Nesta primeira fase, onde as crianças ainda são um pouco brutas e estabanadas, o livro tem que ser 'de ferro', para aguentar qualquer parada. Os melhores livros são aqueles que tem capa dura, os de pano, os de e.v.a. e os de plásticos – os chamados 'livros de banho', porque podem ser molhados.

Para escolher o livro, além do critério 'indestrutível', observe:



  • as cores – bebês presta

    m muita atenção às cores. Mas não pode ser tudo colorido, senão a criança pode ficar confusa. Bons são os livros que tem uma página vermelha dizendo 'vermelho', outra azul informando ' azul', e por aí vai. Principalmente no primeiro aninho. Além de chamar a atenção, o livro vai servir como apoio para que os bebês comecem a identificar pequenas coisas – cores, números, animais...

  • os sons – bebês gostam de barulhinhos. Se o livro tiver musiquinhas, buzinas e afins, a chance do bebê gostar é grande.

  • os movimentos – entre um e dois aninhos, o bebê passa a perceber muito os movimentos. Livros que girem uma roda, que tenham encaixe ou coisas assim, prendem bastante a atenção.



Livros e autores para esta fase:



Nesta primeira fase, sugiro mais editoras do que autores. A Ciranda Cultural e a Girassol tem ótimos livros para bebês. Um que gosto especialmente é 'Meu grande livro de pano – animais' (ed. Ciranda Cultural). Este livro é de pano, tem cores, números, animais, e, a cereja do bolo: duas vaquinhas que mugem quando o livro está aberto ao meio! Tudo que um bebê gosta em um só livro.





3 a 4 anos de idade: leitura compartilhada



Nesta fase, o bebê virou criança, e opina nas histórias que quer ouvir. Ouça, sempre. Se a criança pedir 529 vezes a mesma história – e, acredite, isto vai acontecer! - conte- a 529 vezes, sem reclamar. A criança pede para repetir porque gostou e quer aprender a história. Ouvindo uma recusa, a criança pode perder o interesse na leitura. Tente, aos pouco, ir trazendo novos livros, e diga ' olha, hoje vamos ler este livro também!' Mas não deixe de ler o livro que ela pedir. É importante a criança saber que sua opinião importa – e isto vale para tudo!

Para despertar o interesse da criança nesta fase, faça com que a hora da leitura seja um momento de prazer. Se você estiver curtindo, seu filho certamente notará isto – do mesmo modo que notará se você estiver desinteressado. Manter o interesse de uma criança pequena é, mui

tas vezes, uma missão impossível. Não desanime! Faça vozes diferentes, de acordo com a mudança das personagens, cante a história... Vale tudo para chamar a atenção.



Para escolher o livro, observe:



  • a história - se você achar a história chatíssima, não conte a primeira vez! Se seu filho gostar, contar a mesma história repetidamente vai ser um suplício para você.

  • as imagens – a partir desta fase, as crianças já conseguem – e querem e pode e devem – folhear os livros. As imagens tem que ser atraentes porque criança se liga muito no visual. Quanto mais bonita a imagem, mais prenderá a atenção. E não ache que é futilidade, porque não é! As editoras sabem disto e tem caprichado cada vez mais na escolha dos ilustradores.





Livros e autores para esta fase:



Comece com os clássicos. As histórias que nossas bisavós já ouviam e continuam sendo ouvidas tem que ser contadas. Chapeuzinho Vermelho, O patinho feio, João e Maria...

Para os clássicos, a ed. Salamandra tem uma série chamada ' Conta Outra Vez', em que a Ruth Rocha reconta

estes livros clássicos. Linguagem fácil, boa, ótimas imagens. Vale a pena dar uma conferida. Outra série, da mesma editora, é 'Os batutinhas', que tem livros fantásticos da Ana Maria Machado. Outro livro bacana é 'O circo da lua', da Eva Furnari. E um dos meus livros preferidos – para esta e todas as fases – é 'Chapeuzinho Amarelo', do Chico Buarque.

Outra boa opção para esta fase são os livros cujos personagens já façam parte do universo do seu filho. 'Angelina Ballerina', 'Dora, a aventureira', 'Carros', 'Toy Story'. Praticamente todos os desenhos e filmes tem algum livro para acompanhá-lo. Muitos deles vem com sons e atividades e as crianças vão gostar disto. É um livro-brinquedo. Esta associação, aliás, é excelente, e deve ser estimulada. Quanto mais seu filho achar que o livro é um brinquedo, maior prazer ele terá em ler!

Você também pode começar a arriscar livros mais instigantes, autores consagrados. Por exemplo, seu filho ainda não vai conseguir acompanhar 'Caçadas de Pedrinho', mas já pode ouvir as 'Fábulas', do Monteiro Lobato. Você conta uma ou duas fábulas por vez, e vai aumentando se ele pedir. Como são historinhas praticamente independentes, não fica cansativo nem difícil para a criança acompanhar.





5 a 6 anos de idade: começando a ler



Em todas as fases os pais devem estimular o hábito da leitura. Mas, nesta, este estímulo é crucial! É aqui que a criança vai tomar o gosto – ou não – pela leitura. Porque é agora que ela vai começar a ler, e se for incentivada, não vai querer parar mais!

Aos 4 anos as crianças já identificam as letras, escrevem seus nomes. Mas, agora, elas passam a conhecer palavras, a juntar as letras e conseguir formar os sons. Elas começam a ser alfabetizadas e a ler, de verdade.

A primeira e mais importante coisa, nesta idade, é ter paciência. Seu filho está aprendendo, e vai errar muito. Não deboche, não tente ler por ele. Deixe que ele tente sozinho, erre, e tente de novo. Ajude, se ele pedir. Se ele não pedir, deixe que ele leia errado, do jeitinho dele. E, então, releia do jeito certo. Peça que ele faça o mesmo, e deixe-o continuar. Não interrompa sua leitura e nem o apresse. Se você só tem cinco minutinhos para ficar com ele, cante uma música e deixe o livrinho para outra hora.



Para escolher o livro, observe:



  • Palavras fáceis. O livro tem que ser fácil em todos os sentidos. Tem que ter uma linguagem comum (não é hora de escolher nada rebuscado), com palavras que façam parte do cotidiano do seu filho. Ele se sentirá mais estimulado se for capaz de entender a história sozinho. Para isto, tem que conhecer as palavras contidas nela.

  • Frases curtas. Além das palavras serem fáceis, as frases tem que ser curtas, para que seu filho consiga ler e pausar – e, neste interim, entender o que foi dito.

  • Histórias atraentes. Se seu filho ama cachorros, algo com este tema lhe despertará o interesse. Já se

    ele tem medo (porque você deixou que colocassem medo no seu filho, aliás? Cachorro é tudo de bom!), procure algo que ele goste, como carrinhos, bonecas, etc.



Livros e autores para esta fase:



Nesta fase de alfabetização, tem uns livros que considero ótimos. Eu já lia aos cinco anos de idade, e eles ainda existem. São os livros de Mary e Eliardo França, na coleção Gato e Rato, da ed. Ática. São aqueles livros bem 'Vovô viu a uva'. Você pode achar bobagem, mas nesta fase, é exatamente do que os pequenos precisam – repetir as letras, colocá-las em diferentes palavras, ouvir seus sons. É isto que vai fazer seu filho aprender a ler, acredite!





7 a 8 anos de idade: tomando o gosto pela leitura



Agora seu filho já sabe que 'Vovô viu a uva', já identifica todas as letras e lê com certa desenvoltura. Para que ele continue caminhando no sentido de se tornar um feroz devorador de livros, continue a estimulá-lo.

Nesta fase, as imagens já começam a ceder lugar à história. Até então, eram equiparados. A partir de agora, a história pesa mais: por mais belas que sejam as imagens, se a história for ruim, considere outro livro. Sabe aquilo de você estar lindamente maquiada, mas com uma folhinha de alface no meio dos dentes? É por aí... Só a beleza não conta mais e a história tem que ser bacana. E tem muita história bacana para seu filho descobrir!



Para escolher o livro, observe:



  • Autores, autores, autores! Os livros que você amava nesta idade também poderão interessar ao seu filho. Conte para ele o quanto você gostava deste ou daquele livro, e o porquê. Se você realmente gostar de um livro, seu filho vai sentir isto. E aumenta a chance dele gostar também.

  • Vale a pena continuar observando a facilidade com que seu filho vai conseguir ler o livro escolhido – veja se a história faz parte do universo dele, se a linguagem é condizente com seu linguajar cotidiano, etc.



Livros e autores para esta fase:



Bem- vindos ao mundo do sítio! Não tem jeito, se você sonha em ver seu filho saboreando um Machado de Assis, tem que começar com Monteiro Lobato. Digam o que disserem, o cara é nossa primeira e maior referência em literatura infanto-juvenil. Então ele tem que ser lido, simples assim. Vale a obra inteira, escolha algum que você também goste e aproveite para reler junto.


Bom, aqui eu vou ser obrigada a dar uma pequena paradinha. Está havendo uma discussão em torno da obra de Monteiro Lobato, chegando-se a considerar a hipótese de excluir 'Caçadas de Pedrinho' do conteúdo programático escolar por ele ter passagens racistas. Vamos lá:

Sim, era o único jeito – e Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão trepar em mastros.” (Trecho de Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato – 1933)

Quem trepa em mastro? Macaco ou gente? Se Monteiro Lobato tivesse dito que Pedrinho, Narizinho ou o Visconde de Sabugosa trepassem como um macaco de carvão, não haveria razão para tanto disse-me-disse.

Para uma criança, em qualquer idade, uma pessoa é uma pessoa, e um macaco é um macaco. Se o termo 'macaco' é usado de forma pejorativa para falar de negros, acreditem, isto não foi inventado por uma criança. E, vou além: se ninguém fizer esta comparação com uma criança, ela, por si só, nunca a fará. Mais uma vez: para uma criança, macaco é macaco, gente é gente e ponto final.

Ficou na dúvida? Não tenha. Leia junto com seu filho. Diga: 'está havendo uma discussão em torno deste trecho, se ele tem ou não conteúdo racista. Independente do que se quis dizer, saiba disto: RACISMO É ERRADO! ERA ERRADO ONTEM, É ERRADO HOJE E SERÁ ERRADO SEMPRE!'. É sempre uma boa aproveitar as oportunidades para discutirmos temas relevantes com nossos filhos.



Voltando à nossa lista de autores, Ana Maria Machado, Fernanda Lopes de Almeida, Lygia Bojunga, Maria Clara Machado, Ruth Rocha e Ziraldo são meus preferidos – além do já citado Monteiro Lobato.

Livros que considero bem interessantes para esta idade são:



  • Bisa Bia, Bisa Bel e Menina bonita, do laço de fita, da Ana Maria Machado.

  • A curiosidade premiada e A fada que tinha ideias, da Fernanda Lopes de Almeida.

  • A bolsa amarela e Os colegas, da Lygia Bojunga.

  • O cavalinho Azul e Pluft, o fantasminha, da Maria Clara Machado.

  • Romeu e Julieta e Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias, da Ruth Rocha.

  • Flicts e O menino maluquinho, do Ziraldo.

  • Reinações de Narizinho e Emília no país da gramática, de Monteiro Lobato.

A Rocco está com uma coleção de títulos do pequeno Nicolau, personagem infanto-juvenil da literatura francesa. Acabo de ler 'As brincadeiras do pequeno Nicolau', e adorei! As histórias são curtas e engraçadas. Divertem demais as crianças... e os adultos também, por que não? Nesta fase, já dá para as crianças lerem e entenderem as aventuras do célebre estudante francês. Estes livros são uma boa opção para as crianças que não vem demonstrando muito interesse na leitura. O melhor caminho para se aproximar de um livro é o do amor. Não está dando certo? Tente o caminho do humor!



9 a 10 anos de idade: sabendo bem o que quer



Nesta fase a criança começa a deixar, aos poucos, de ser criança. Quer brincar de pique com os amigos, mas também quer dizer que tem um namoradinho/a na escola. Algumas crianças, ao chegarem a esta idade, já tem o gosto bem apurado, e sabem dizer quais livros, quais autores querem ler. Outras, precisam de um empurrãozinho. Se seu filho encontra-se nesta segunda opção, não desanime! Você ainda pode estimulá-lo bastante.



Para escolher o livro, observe:



  • seu filho. Agora a criança já tem opinião formada sobre tudo, então não adianta muito insistir em contradizê-lo. Agora conta mais o que ele quer do que o que você quer...

  • Se seu filho não vem

  • demonstrando muito interesse por livros, considere novos formatos. 'O pequeno príncipe' e 'O mágico de Oz' são dois livros clássicos da literatura infanto-juvenil que já tem formato pop-up, com gravuras saltando dos livros – o que as crianças amam, em qualquer idade!



Livros e autores para esta fase:



Agora seu filho já lê com completa desenvoltura e, a princípio, pode ler Homero, Dante ou Shakespeare, basta querer. Mas é bom que ele leia livros adequados à sua idade.

Tem um livro que eu considero um 'tem que ler' para esta fase. É 'A droga da obediência', do Pedro Bandeira. Vai te dar a oportunidade de tocar em um assunto importantíssimo nesta idade: as drogas. Tem assuntos que são chatos, mas dos quais não podemos fugir. E o uso -ou melhor, o não -uso – das drogas é um deles. Você pode achar besteira, mas é sua função dizer certas coisas ao seu pequeno. 'Não use drogas' é uma delas. Mesmo que você use, diga que seu filho não deve usar. Você sabe o mal que faz, não sabe? Então por que correr o risco de deixar seu filho entrar neste mundo?

Além deste livro, o Pedro Bandeira tem outros ótimos para esta fase. O meu preferido era 'A marca de uma lágrima', mas ele tem vários outros.

Agora também já dá para ler alguns livros que são eternos, como os supra citados 'O pequeno Príncipe' e 'O mágico de Oz'. Ponho ainda ' O menino do dedo verde' como um livro que atravessa e encanta gerações.

Mais uma vez, a opinião do seu filho conta, e muito. Se você quer que ele leia 'O pequeno príncipe ' e ele quer ler ' O diário de um banana', não tem que discutir. Deixe que ele leia o livro que ele escolheu e ponto. E, com jeitinho e paciência, tente fazê-lo se interessar pelos livros que você recomenda.





Dos 11 anos de idade em diante: agora quem manda sou eu!





Seu bebêzinho virou criança e agora está entrando na adolescência. Ai! Não dá para parar o relógio, não? Não, não dá! Mas dá para fazê-lo trabalhar a seu favor. Ter um adolescente em casa significa noites sem dormir, muitos cabelos brancos, discussões intermináveis. E também ter um companheiro/a para ver filmes com você e dividir o seu gosto pela leitura! Basta saber fazer. Como? Deixando que seu filho faça parte do seu mundo, e permitindo-se fazer parte do dele. Fazer parte mesmo, de coração aberto, sem julgamentos. Algumas vezes ele fará um drama infindável por uma coisinha minúscula. Você também já fez isto. Tente ajudá-lo a passar por esta fase que, muitas vezes, é difícil. Seja amiga. E use os livros a seu favor. Conheça os autores favoritos dele, leia junto, discuta. Isso criará um elo entre vocês que, muitas vezes, servirá de ponte para que você toque nos tais 'assuntos chatos'- drogas, sexo, e etc.



Para escolher o livro, observe:



  • você não escolhe mais. Deixe que seu filho tenha total liberdade para dizer o que quer. Se ele pedir opinião, dê. Do contrário, boca de siri! 'Ah, mas ele só se interessa por vampiros!' Ótimo! Sinal de que ele se interessa por alguma coisa. O fato do seu filho vir a desenvolver um gosto literário completamente diferente do seu não quer dizer que você 'errou'. Pelo contrário, acertou, e muito! Está criando um ser pensante, que tem vontade própria e segurança suficiente para dizer o que quer. Parabéns! Um dia eu chego lá, também.



Livros e autores para esta fase:



Prazer, Harry Potter! Seu mundo agora será de bruxinhos e afins, pois seu filho, em algum momento, vai se interessar por Harry Potter, As crônicas de Nárnia, O senhor dos Anéis, Crepúsculo e outras livros neste gênero.

Fala sério! Você também vai ouvir muito o nome da Thalita Rebouças. Os livros dela são super adequados para esta fase, são uma leitura divertida e que vale muito a pena. Se seu filho pedir, não precisa pensar duas vezes em apresentá-lo ao universo da Thalita.

Deixe seu filho à vontade para escolher seus livros, mas fique de olho! Adolescentes são muito influenciáveis. Se sua filha tem 15 anos e quer ler 'Bruna Surfistinha', leia primeiro. Converse – muito – com ela sobre o teor adulto do livro e diga que ela deve, sim ler o livro – e que depois vocês o comentarão juntas. Como eu já disse, use o livro a seu favor, sempre.





Algumas dicas gerais para montar sua biblioteca mirim





O fator Money!



Bom, você leu este artigo até aqui, está super empenhada em montar uma biblioteca bacanérrima para seu filho, já anotou nomes de autores e livros, mas ainda assim, falta alguma coisa. O que, mesmo? Ah, é, aquilo. Dinheiro!

Deu certo comigo, vai dar com vocês também. Como eu disse, comecei a comprar livros para o Davi quando ele ainda estava na barriga. Se você comprar dez livros em um mês, pesa no bolso. Mas se você comprar um livro por mês, pesa menos.

Divulgue! Sempre tem alguém que pergunta 'o que que eu dou para o seu filho?' em diferentes ocasiões, como aniversário e Natal. Diga: 'dê um livro!' Às vésperas do primeiro aniversário do Davi, eu dizia, para quem quisesse ouvir, que eu estava montando uma biblioteca para ele. O saldo da minha propaganda entre amigos foram cerca de 15 livrinhos novos na prateleira. E ele não pára de ganhar livros.

E faça com que seu filho saiba que livro é um ótimo presente. Fazer isto é muito simples: dê e peça livros de presente. Especialmente para as crianças que você ama. Eu adoro dar livros de presente, e a razão é muito simples. Quando dou um livro para uma criança, sei que não dou apenas o livro. Dou um mundo inteiro de possibilidades...


  • Autores ilustres


Citei aqui diversos autores infanto-juvenis. Busque outros, pesquise. Converse com amigos, leia reportagens, informe-se. Todo dia estão surgindo novos – e bons – autores. Basta procurar.

Autores consagrados também escrevem livros infantis. Mario Vargas Llosa me conquistou com 'Fonchito e a lua' de uma forma que não tinha me conquistado até então. O livro é um primor! Busque, entre os autores que você admira, seus livros infanto-juvenis. Carlos Drummond de Andrade tem 'A história de dois amores', João Ubaldo Ribeiro tem ' Dez bons conselhos de meu pai', e por aí vai. Se você já gosta de um autor, é grande a chance de gostar da versão mirim de seus livros – e de querer incluir estas obras na biblioteca do seu filho.

Me prendi mais aos autores nacionais, mas vale ressaltar que os Irmãos Grimm, Perrault e Hans Christian Andersen tem que estar presentes em uma boa biblioteca infanto-juvenil.



  • Siga seu instinto



Se o título de um livro te chamou a atenção, pare para olhá-lo com atenção. Se uma imagem te tocou, pegue o livro com carinho e dê uma espiadinha.

Nós, adultos, temos uma tendência a ler os mesmos autores, ou o mesmo gênero, a seguir a recomendação de amigos ou da lista do 'melhor livro do ano'. Criança não tem isso, e portanto, os livros infantis também não tem (quero dizer, lista dos melhores do ano até tem). Assim, se você nunca ouviu falar de um livro, mas seu título ou capa lhe chamou a atenção, pare, no mínimo, para dar uma olhada. Se foi capaz de chamar a sua atenção, certamente chamará a do seu filho, também.



  • Vá além do livro



Faça com que seu filho descubra o universo além do livro. Diversos livros são adaptações de peças – caso dos livros da Maria Clara Machado – ou de outros livros

– caso de Os saltimbancos, que é versão de ' Os músicos de Bremen'.

Voltando aos Saltimbancos, a versão mais recente tem ilustrações lindas do Ziraldo. Além disto, é fácil de encontrar o cd com as músicas. Quanto mais seu filho entrar no universo de um livro, mais o livro entrará dentro dele. Isto significa que, se tem uma peça em cartaz do livro que seu filho está lendo, faça um esforço e leve-o para assistir. Isto aumentará bastante a ligação dele com aquele livro.




  • Não faça da leitura uma obrigação



Você quer que seu filho leia e ele tem uma porção de títulos da escola para ler. Mas, se ele encarar a leitura como ' dever de casa', há grandes chances dele não ter interesse nenhum pelos livros. Vai achar chato, vai querer fugir. Por isto é tão importante começar, desde cedo, a estimular os pequenos, a ter uma horinha da leitura, a mostrar que ler é divertido. É importante que a criança faça a associação 'leitura é diversão', ao invés de 'leitura é obrigação'.




  • Velhos livros, novos formatos



Como já mencionei, alguns livros tem, atualmente, versão pop-up, com gravuras que saltam de dentro deles. Isto é um barato! Se nós achamos legal, imagina as crianças! Procure por novidades.

Outra forma de estimular a leitura é através dos quadrinhos. Ah, você acha que história em quadrinhos não tem valor? Deixa eu te contar um segredinho. O livro que mais me marcou, de todos os que eu li sobre nazismo, foi Maus, do Art Spiegelman. Sabe por que? Porque ver a imagem de um rato segurando um cartaz dizendo 'eu sou um judeu imundo' dispensa o uso de muitas palavras. E o livro nada mais é do que uma grande história em quadrinhos.



  • Faça o que eu digo, faça o que eu faço!



A última dica é também a mais importante. Não adianta você fazer uma biblioteca completa para seu filho, ler com ele, tentar estimulá-lo de todas as formas, se você não tem o hábito da leitura.

Crianças aprendem por repetição. E são extremamente observadoras. Se seu filho te vê, feliz da vida, lendo, ele vai receber a seguinte mensagem: 'livro traz felicidade, então ler é legal!' Se ele não te vê lendo nunca... ele não recebe esta mensagem!

'Ah, sabe o que que é, é que eu não tenho tempo...' Você pode tentar usar todas as desculpas que você quiser. Comigo, não cola! Todo mundo arranja tempo para fazer o que gosta. Se você não tem o hábito da leitura, é porque não gosta de ler. Está tudo bem, não precisa se martirizar por causa disto! Mas volte à minha dica anterior. Busque novos formatos. Eu tenho certeza que, em alguma livraria, tem um livro te esperando. Não um livro, mas O livro! Aquele que vai te fazer amar ler. Pode ser um gênero, pode ser um autor, pode ser um formato. Não sei, isto é você que tem que descobrir. Como? Procurando, procurando, procurando...



É isto. Estas são as minhas dicas. Espero que tenha ajudado a vocês e que todos tenham se animado para montar uma linda biblioteca mirim para seus filhos.



Um grande beijo.

2 comentários:

Elaine Cunha disse...

Dadá,

muito bom o seu artigo! Ótimas dicas e o mais importante de tudo, é o que você sente. Sua vivência!

Beijocas, Elaine Cunha

carol disse...

Ótimas orientações, artigo digno de uma revista de grande circulação.
Não conheço alguns autores e livros que você mencionou, vou buscar.
Acrescento uma dica: deixe seu filho brincar com os livros. A Carol às vezes arruma a coleção da Ruth Rocha no corredor em forma de dominó. As capas coloridas são convidativas e instigam a imaginaçãos dos pequenos. Devemos ensiná-los a cuidar dos livros, mas com 4 anos brincar com eles cria intimidade também.

Bjos e obrigada pelas dicas !
Letícia

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