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Um grande amigo...

Um grande amigo...



Quando eu me mudei para cá, não conhecia ninguém. Achei que ia ser

um bocado chato passar meus dias, todos os dias, sem ter ninguém com quem conversar. Porque eu não conhecia ninguém, e não ia sair por aí perguntando ' oi, quer conversar?' para qualquer um que passasse na rua. Quero dizer, eu até poderia fazer isto, mas a minha mãe sempre diz que não devemos falar com estranhos. E aí, eu não podia falar com ninguém. Todo mundo era estranho para mim. Se eu não me apresentasse, continuavam sendo estranhos. E eu continuava sem amigos. Era mesmo um bocado chato passar meus dias sem ter com quem conversar...

Assim que nos mudamos, a casa não tinha nada, além da vontade da minha mãe de mudar a casa toda. E daí foi um quebra-quebra sem fim e com todas as minhas coisas encaixotadas, esperando a quebradeira acabar. 'É para não sujar', disse a minha mãe. Eu não quis discutir, mas a casa já tava toda tão cheia de poeira que eu acho que não ia fazer diferença tirar minhas coisas das caixas, para que eu pudesse ter os meus brinquedos por perto. Mas aí fiquei com medo de quebrar. Porque sujeira a gente limpa, mas quando quebra muitas vezes não tem como consertar. E acabei deixando tudo nas caixas mesmo.

Para que eu não ficasse reclamando muito, minha mãe comprou uma porção de livros novos para mim. E eu gostei muito, claro, porque um livro é como um brinquedo que não quebra nunca. Daí eu comecei a passar os meus dias lendo e lendo, sem parar.

Eu não sei bem em que momento isto aconteceu, exatamente. Mas, de uma hora para outra, eu estava cheio de amigos! Pulei de um planeta para o outro, conhecendo bêbado e acendedor de lampiões. Fiz amizade com um menino que tinha macaquinhos no sótão e o olho maior do que a barriga. Conheci um galo que procurava uma ideia para defender e que morava dentro da bolsa de uma menina que queria ser menino. Cantei umas músicas com uma gatinha folgada e seus amigos, que queriam morar numa cidade onde só tivessem crianças – e eu queria me mudar para lá também. Inventei uma língua nova com o Marcelo e nos divertimos muito com isto. Procurei, por todos os cantos, um cavalinho azul. Me diverti muito em um sítio...

Eu realmente não sei como isto aconteceu. Mas, da noite para o dia, eu não estava mais sozinho. E, quando percebi isto, comecei a querer conhecer mais e mais pessoas novas. E então aconteceu uma coisa engraçada. Eu comecei a conhecer outras pessoas, que eram amigos dos meus amigos. Algumas que gostavam de aventura, outras que gostavam de romance. Mas todas, como eu, gostavam das pessoas que estavam ali, nos livros. Todas, como eu, gostavam daquele universo fantástico, onde tudo é possível. Éramos todos parentes, estávamos todos ligados. Por um laço que eu não sei quem criou. Mas um laço forte, bem apertado, nos unia ainda assim, sem eu saber quem era o criador. E todos ficamos ligados para sempre...

A minha mãe uma vez me disse que quem tem um livro nunca está sozinho. E eu descobri que isto é bem verdade. E descobri algo que ela não me disse. Quem tem um livro nunca está sozinho, e ainda faz uma porção de amigos! Eu entendi quando ela me disse que o valor de um amigo não se pode medir. Eu não tenho como medir o valor dos meus amigos. Mas tenho como dizer o quanto eu os amo. Amo um tantão assim, que não cabe no tamanho do mundo! Mas que cabe nas linhas de uma historinha, e no carinho de um abraço...





A todos vocês, meus queridos amigos, meu muito obrigada por todo o carinho que me deram neste dois meses! Espero poder, a cada dia, retribuir em dobro todo o amor que vocês me dão. E se eu fizer cada um de vocês sorrir ao passar por aqui, serei sempre feliz.

2 comentários:

Aretusa disse...

Dadá, hoje eu diria, quem tem um blog nunca está sozinho e ainda faz um mknte de amigos, ainda que virtuais, mas amigos!!
Beijocas, querida!
Aretusa, mamãe da Doce Sophia

renata disse...

Amiga-irma:
te amo muito tambem!
muito bom ter vc por perto, sempre :)
bjosss

Re

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