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Gabriel

Gabriel




Quando ele nasceu tornou-se, imediatamente, o centro das atenções da família. Primeiro filho, primeiro neto, primeiro menino em uma família de meninas. Uma coleção de carrinhos onde antes reinaram as bonecas. E ele nasceu assim, sabendo que era amado, e por isso era carinhoso com todos . Um xodó, Gabriel.

Gabriel ainda era um bebê muito pequeno quando sua mãe levou um susto. Dona Cegonha bateu na porta e avisou: estou trazendo outro. Que não era um, era uma. Uma irmã para o Gabriel.

O menino gostou de ter companhia. Ficar sozinho é bem chato às vezes. Teria alguém com quem brincar de carrinhos, com quem fazer bagunça. Uma parceira de todas as horas, nos mais variados crimes, ele pensou.

E então ela chegou. Miúda, como chegam todos os bebês. Não brincava de carrinhos, não fazia bagunça. Mamava e dormia. E só!

'Não era esta a parceira que eu esperava', Gabriel pensou. 'Não podiam ter me arranjado alguém que viesse para brincar comigo?'

Gabriel ficou um tanto desapontado. Depois achou que, já que aquela era a irmã que lhe arranjaram, teria que se virar como desse. E resolveu fazer com que sua irmãzinha ficasse logo tão danada quanto ele.

No começo, os dois muito pequenos, não dava para se fazer muita coisa mesmo. Mas assim que cresceu um pouco, Gabriel tratou de cuidar de sua irmã. Deste jeito tão especial que os meninos tratam suas irmãzinhas mais novas...

Ela mamava, tinha soninho. A mamãe a colocava no berço. Gabriel levantava devagar e ia, silencioso, até o quarto. Escalava as grades do berço tentando alcançá-la, enquanto agitava os bracinhos dizendo 'acorda, acorda, bebê! Vem brincar comigo, vem logo, Fefê!'

Às vezes, Fernanda ouvia e acordava. Chorava, chorava. Queria dizer 'me deixa dormir, Biel, outra hora eu brinco com você!' Noutras vezes, a mamãe ou o papai chegavam a tempo e o menino-aranha não conseguia escalar o bercinho da irmã. Mas todas as vezes o menino ficava aborrecido. 'Ela não quer brincar comigo!', pensava.

Mas o tempo continuou passando. E a bebêzinha também tratou de crescer. Hoje, já não dorme tanto. Já brinca com o irmão, já faz a sua bagunça, já é uma parceira – em todas as horas, em todas as aventuras!

Gabriel teve que ter um pouco de paciência. Mas ganhou, afinal, sua companheira. Uma grande amiga, sua irmã, com quem vai brincar a vida inteira...


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