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Samuel quer voar!

Samuel quer voar



Desde que nasceu, Samuel tinha uma cisma: queria voar. E era uma cisma assim tão cismada que alguns achavam que ele não deveria ter nascido menino, e sim passarinho. Mal deu os primeiros passinho, Samuel quis colocoar as asinhas de fora. Como não tinha asinhas, colocou os bracinhos mesmo – subia em cima do sofá, abria bem os braços e lançava-se ao chão, num voo imaginário que virava um tombo real!

Conforme o tempo foi passando, a cisma foi aumentando. Sam não ligava para carrinhos ou bola. Queria aviões, aviões o tempo todo! Gostava de ir para o parque com seu pai e ver os aviõezinhos que voavam por lá. Aeromodelos, o pai explicou. Quanto mais via, mais fascinado ficava. Sonhava em estar ali, ao lado deles, no alto do céu.

Como Sam não tinha estes aviões que se guiava por controle, dava outro jeito. Fazia aviões e mais aviões de papel. Pedia, com jeitinho, para cada aviãozinho que fazia:

  • Se eu encolher a barriga, você me leva junto com você?

Mas nunca tinha resposta. Os aviõezinhos pareciam sorrir para ele, e só. Nunca lhe levavam à lugar algum.

Samuel não se chateava, nem dimimuía sua cisma. Inventava outra coisa, criava outra mania. Quando viu que os aviõezinhos não o levariam ao céu, voltou-se para as pipas. Começou uma enorme coleção de pipas, cada uma mais linda que a outra. Gostava de empiná-las, gostava de vê-las voando. Gostava de sonhar que ia voando junto delas. Até que um dia, o sonho se tornou realidade.

O menino planejou durante meses. Fez tudo escondido, para não alarmar os pais. Foi, aos poucos, desmontando suas pipas. Pegava o papel, as varetas, as rabiolas. Deixava tudo separado. E, um dia, começou a montar de volta. Mas, ao invés de montar várias pipas, montou apenas uma. Uma enorme pipa, que era grande o suficiente para aguentar o peso do seu corpinho.

E assim foi que numa tarde Sam foi até o parque, carregando a sua gigantesca pipa com a ajuda de dois amigos da rua. Chegando lá, os três tiveram que usar toda a força para empiná-la. O vento começou a bater, e conforme as horas foram passando, começou a bater cada vez mais forte.

O vento parecia que sabia a intenção do esperto menininho. Assim que ele pediu que os amigos soltassem a linha, deu uma rajada em cima deles. E a pipa, que já ia alto no céu, foi arrebatada pela corrente de ar.

Tudo aconteceu rápido demais. O vento forte, carregando a pipa, Samuel segurando a linha, Samuel voando...

O menino não cabia em si de tanta felicidade! Seu plano tinha dado certo e ele estava voando!

O voo não foi mais do ser levantado pouco menos de um metro do chão e ser levado por uma distância de quinze metros pela pipa, antes que ela sucumbisse ao peso do menino e se partisse em vários pedaços. Samuel caiu de bumbum no chão, observando, maravilhado, os pequenos pedaços coloridos de papel de seda voarem pelo ar, formando uma chuva colorida linda de se ver.

Samuel estava feliz! Não conseguira alcançar o céu, mas tirara os pés do chão. Mas do que nunca, tinha, dentro de si, a certeza que seria capaz de voar. Sam estava certo. Porque para voar, é preciso primeiro tirar os pés do chão. E todos os que sonham voam um pouquinho, até alcançar o alto do céu...



1 comentários:

Rafaela disse...

Linda, Eneida. Vou guardar essa historinha pra poder contar pro Samuel até ele ficar grandinho.
beijo enorme!

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