Esperando por mim...
Ele não ficou enjoado enquanto esperava por mim. Não teve azia, nem teve vontade de comer algo muito estranho. Ele não fez exame de sangue – muitos e muitos –, não ficou dia nenhum em jejum. Ele não controlou o que comia, não se preocupou com o peso, não teve que deixar de tomar vinho.
O cabelo dele não cresceu mais forte, suas unhas não cresceram mais rápido. Ele não teve desconforto ao deitar e nem tonteiras ao levantar. Ele não sentiu uma vontade incontrolável de mascar chiclete. Ou de comer azeitona. Ou de tomar uma banana split. Ou de traçar um sanduíche de pão com mortadela. Ou de fazer tudo isto ao mesmo tempo. Ele não passou mal depois de fazer isto.
Ele não me sentiu dentro dele. Ele não estava ligado a mim. Eu não estava ligado a ele. E ainda assim...
Era ele quem cuidava dos nossos enjoos, azias e tonteiras. Era ele quem saciava os nossos desejos por comer tudo o que era difícil de ser achado. Era ele quem deixava de dormir conversando conosco. Era ele quem nos trazia conforto, segurança e paz.
Ele era a outra voz, o outro som. Ele era aquela segunda batida de coração ao meu lado. Aquela que não batia junto comigo, mas que batia ao meu lado. Ele era aquela voz que eu não ouvia por dentro, mas vindo de fora. E que estava sempre ali.
Quando eu nasci, me cortaram o cordão. Um cordão que é cortado e nunca se corta. Minha mãe estava sempre ali, me amparando, com medo de que eu caísse, me machucasse. Querendo me defender de todos os perigos. Até dos que não existiam.
Ele, não. Nunca tivemos um cordão nos unindo. Mas do mesmo modo ele estava ao meu lado, me amparando. De uma outra forma, sem medo: me incentivando a ir além, a
querer mais, a testar. Me deixando cair. E me ensinando a levantar com carinho. Ele sempre esteve ali, comigo. Meu modelo, meu exemplo, meu herói.
Nós nunca tivemos um cordão nos unindo, e nunca precisamos. Eu não saí de dentro dele. Mas eu o tenho dentro de mim. Sou um pedacinho dele no mundo e o carrego comigo para todo lado. Assim como ele me leva consigo para onde vai.
Nós nunca tivemos um cordão nos unindo. Porque os cordões se rompem. Sempre tivemos um nó, bem apertado, que nos deixa juntinhos. E que me faz poder dizer: papai, obrigado por estar aqui, comigo. Neste dia, todos os dias, para onde eu for, pelo resto da vida!
A todos os pais, especialmente ao meu pai e ao pai dos meus filhos, que este seja um dia de muitas alegrias! Feliz dia dos pais!!!
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