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O nascimento de uma florzinha

O nascimento de uma florzinha





A gente passa muitas vezes correndo e nem vê. Parece que ela sempre estará ali – como achamos que tudo sempre permanecerá igual. Um dia ela não está mais e nos damos conta do quanto sentimos sua ausência. Porque ela alegrava a passagem e embelezava o lugar. E nos alegrava também, e também nos enchia de beleza. Ela, uma simples florzinha. Que custou e custou para estar ali.

A terra ainda estava um pouco árida, e as árvores tinham se despido de todas as suas folhinhas. O sol começava a esquentar e, com ele, abelhas e mosquitinhos surgiram dançando pelo ar. Um dia, uma chuvinha. A terra estava úmida, afinal. No outro, uma brisa suave trazia consigo sementes. Vindas de não sei onde, mas trazidas com carinho. Pararam ali, por acaso. E por ali mesmo ficaram.

Um solzinho morno, uma chuvinha suave, muitos dias de brisa serena se passaram. Um dia, uma pequena haste brotou da terra. No outro, ela cresceu um bocadinho, e deixou que todos vissem uma minúscula folhinha verde. Ao final da semana, a haste já tinha virado um firme caule coberto de folhas verdes. Lindo de se ver. E ainda assim, poucos viram.

O sol brilhava mais forte no céu, anunciando o novo tempo. A brisa, agora, era quente e a chuva, rara. E foi num destes dias ensolarados que ela surgiu. No alto do caule, sozinha, rainha: uma flor!

As abelhas vieram festejá-la. Cumprimentaram-na, lhe glorificaram a beleza. Levaram consigo um pouquinho dela. E deixaram com ela um cheirinho de mel, para adoçar o seu perfume.

A florzinha solitária cresceu e cresceu. Só, no meio do concreto, onde as pessoas passavam apressadas para seus compromissos e não lhe davam bola. Ela, indiferente, sorria para todos. É preciso sorrir, sempre. Mesmo quando não lhe sorriem de volta. Uma hora, notam. E lhe retribuem o carinho.

Um dia, então, a florzinha não estava mais lá e então, como eu disse, sua ausência e sentida. Que triste não ter mais uma florzinha para alegra nossa passagem. Que triste não ter mais uma florzinha para alegrar as nossas vidas...

Mas aí a brisa sopra de novo, com novas sementes. Que germinam, e crescem, crescem, crescem. E o chão de concreto vira um jardim florido, com cores variadas enfeitando a paisagem. Agora, todos param, tem que parar! O perfume, a beleza, o encanto. Ela chegou, por fim! E ela sempre chega.

Depois do inverno, ela vem. A estação das flores, o tempo da alegria. Tudo é mais bonito e cheiroso. Todos somos mais felizes por conta delas.

Primavera, traga-nos suas cores! Queremos seus perfumes, suas flores, seus amores! Uma florzinha se foi, virou novamente semente. E agora está novamente por aqui, em algum lugar...

1 comentários:

Vanessa e Enzo disse...

Lindo, sensível, reflexivo, otimista. Só podia ter sido escrito por vc. Parabéns!

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