Muçá Muçá
Era uma vez uma floresta, onde viviam muitos animais.
Um dia apareceu uma frutinha nova, que ninguém conhecia, na árvore mais alta daquele lugar.
Todos queriam comer, mas não sabiam seu nome, e se ela era boa ou venenosa. Eles sabiam que naquela floresta havia frutas boas, que podiam comer, mas havia outras coisas venenosas, lindas para enganar os bobos:
Então, os animais se reuniram e decidiram escolher um deles para ir lá no céu e perguntar a Papai-do-Céu o nome da fruta: se fosse maçã, banana, abacate, laranja, ou outra frutinha boa, todos poderiam comer bastante, pois a árvore estava cheia! Todos ficaram muito animados...
Todos?
Menos a bruxa, que escutava com muita raiva aquela combinação toda. Aquela frutinha era só dela, e não ia dividir com ninguém! Já tinha até um plano...
Primeiro foi a vez do pássaro verde, que abriu rápido as asas, voou lá no alto, e logo chegou à casa de Papai-do-Céu. Perguntou o nome da frutinha que se chamava muçá, e voltou todo contente cantando a música da frutinha que era boa:
- Muçá, muçá, muçá, muçá gambira, muçá uê.
Mas, a bruxa ciumenta da frutinha inventou uma música com o nome de uma fruta venenosa, para enganar o pássaro verde:
- Munga selenga engambela, munga selenga vininim!
E o pássaro verde voltou cantando atrapalhado:
- Mungá, mungá... ih! esqueci!
Aí foi a vez do , que disparou pelas montanhas e logo chegou lá no céu. Mas, este a bruxa também enganou.
Então foi o , que disparou pela cachoeira e logo chegou, mas a bruxa enganou até o jacaré.
Depois foi o , mas a bruxa esperta também atrapalhou sua cantoria com aquele:
- Munga selenga engambela, munga selenga vininim!
O sapo também tentou, e com seu salto muito alto chegou rapidinho lá no céu. Voltou cantando a música da frutinha que era boa:
- Muçá, muçá, muçá, muçá gambira, muçá uê.
Mas a bruxa também atrapalhou as idéias do sapo, com sua música encantada de fruta venenosa. E o sapo cantou:
- Mungá, mungá... ih! esqueci!
Quase todos já tinham ido, quando olharam desanimados para o único animal que ainda não tinha tentado:
- Ah! A tartaruga é muito mole! Quando voltar, todas as frutinhas já terão apodrecido!
- Ando devagar, mas sou muito esperta. Onde todos vocês falharam, eu vou vencer, e vou trazer o nome verdadeiro da frutinha para sabermos se podemos comer.
E lá se foi a tartaruga, bem devagarinho, bem devagarinho, até que um dia chegou ao céu, como todos os outros. Aprendeu a música da frutinha boa e voltou cantando a seu jeito, também muito devagarinho:
- Mu...çá..., mu...çá..., mu...çá..., mu...çá... gam...bi...ra..., mu...çá... uê...
A bruxa cantava bem rapidinho:
- Munga selenga engambela, munga selenga vininim!
Mas a tartaruga continuava:
- Mu...çá..., mu...çá..., mu...çá..., mu...çá... gam...bi...ra..., mu...çá... uê...
A bruxa foi ficando com tanto sono... e pensou: vou dormir só um pouquinho aqui na minha vassoura, e logo vou atrapalhar essa tartaruga molenga. E começou a roncar.
Enquanto isso, os outros animais esperavam muito desanimados lá embaixo.
A tartaruga continuou, bem devagarinho, bem devagarinho, e foi chegando... chegando... e chegou!
E contou prá toda a bicharada a música da frutinha boa, que todos aprenderam rapidinho!
Combinaram comer todas as frutinhas e não deixar nenhuma prá bruxa malvada, que roncava alto.
Quando a bruxa acordou e viu a árvore toda peladinha, ficou uma fera! Olhou feio para a bicharada lá em baixo e...
Todo mundo apontava para ela e caía na gargalhada!
Quem já não estava mais comendo, cantava:
- A tartaruga enganou a bruxa!
- A tartaruga enganou a bruxa!
A bruxa ficou tão envergonhada, que voou na sua vassoura para longe daquela floresta, e nunca mais voltou!
... E todos ficaram felizes naquele lugar.
Com eles aprendemos que somos todos diferentes uns dos outros e que, mesmo aquela diferença que a gente detesta carregar pode ser a razão da vitória de todos nós, no momento certo.
FIM
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