O polvo que não queria casar
Teodoro era um polvo divertido e agitado que morava bem lá no fundo do mar. Tinha amigos por todo lado: na terra, na água e até no ar. Gostava de conversar com todo mundo, fosse peixe ou pássaro, cavalo ou cavalo marinho. Nadava muito bem, por isso sempre ia até a beirinha da praia e voltava. Sabia de tudo o que
acontecia na superfície, mas gostava mesmo era do geladinho do oceano. O polvo era querido por todos. Mas tinha uma coisa curiosa: Teodoro não queria casar.
No começo, os amigos achavam que fosse brincadeira. Mas o tempo ia passando sem que Teodoro mudasse de ideia. A maioria de seus amigos já estava casada, alguns até já tinham filhos. E ele continuava com o mesmo discurso:
Casar? Que é isso! Casar é para o povo da superfície, que tem dedos! Eles casam, podem colocar aliança. Eu não caso. Não porque não queira, mas estou impedido. Se tivesse dedos usaria uma aliança, mas só tenho tentáculos. Casamento, então, não é para mim!
Os amigos achavam graça e rebatiam, cada qual à sua maneira:
Ora, e eu que tenho barbatanas? Nem por isso deixei de casar – dizia Tião, o tubarão.
E eu: nem barbatanas tenho, e sou muito bem casado, sim, senhor! - continuava Toninho, o cavalo marinho.
Eu também não tenho dedos e a falta deles não me impediu de constituir família – completava Serafim, o pinguim.
Mas vocês são vocês – respondia Teodoro – e eu... sou eu! E, para mim, quem tem tentáculo não casa. E tenho dito!
Os amigos riam e riam, achando que um dia Teodoro mudaria de ideia. Mas, entrava estação, saía estação, Teodoro continuava um solteirão convicto. Não que o polvo não tivesse namoradas. Tinha, e como as tinha! Onde quer que fosse arran
java um par. Era capaz de ter uma dúzia de namoradas ao mesmo tempo. Mas, cedo ou tarde, todas se cansavam dele. Tão descompromissado, tão sem interesse em casamento. Todas acabavam desistindo dele e indo procurar novos amores. E o tempo continuou passando até que um dia...
Rosinha, uma polvinha engraçadinha e carinhosa, mudou-se para perto de Teodoro. Em dois tempos conhecia todo mundo. E conhecia também a fama de Teodoro.
Os dois se esbarraram por acaso, na festa da Tartaruga Joana. Quem estava perto jura que viu saírem faíscas em um olhar: pela primeira vez na vida, Teodoro quis ter dedos!
O polvo, imediatamente, tentou aproximar-se de Rosinha. Ela, por sua vez, mantinha distância. Não queria envolver-se com alguém tão difícil quanto Teodoro. Mas ele insistiu, insistiu e insistiu. Um dia, ela acabou cedendo. E os dois começaram a namorar.
E agora, vejam só! Tudo mudou no mar. Teodoro, o polvo solteiro, agora só pensa em casar! Já montou casa, avisou aos amigos, está preparando uma festança. E quando alguém resolve implicar, dizendo que quem tem tentáculos não casa, nosso amigo ri. E responde na hora:
Eu tenho braços para um milhão de abraços!
E assim foi que Teodoro, apaixonado, enlaçou Rosinha bem apertado, coladinha nos seus braços, para nunca mais soltar!
1 comentários:
Muito fofa mesmo! Ao abraçar meu filho, o amor é tanto que parece que estou abraçando literalmente parte de mim!
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