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Chapeuzinho e o Lobo Bom devorando docinhos - por Dadá Horácio & Carol Mendes

Chapeuzinho e o Lobo Bom devorando docinhos!





Desde que se mudou para a floresta onde vivia a Vovózinha, o Lobo bom e a Chapeuzinho tornaram-se inseparáveis! Eram grandes amigos, e queriam fazer tudo juntos, o tempo todo. Esta histórinha é de uma das muitas traquinagens que os dois aprontaram juntos.

Era uma tarde comum, nem muito fria e nem muito quente. O sol estava ameno, e uma suave brisa convidava para um passeio. Chapeuzinho tomou o caminho da floresta, pronta para visitar a sua avó, quando encontrou o Lobo no caminho.

  • Oi Vermelhinha, para onde você vai? - perguntou o Lobo à sua amiga.

  • Oi Boludo, estou indo para a casa da Vovó. Quer vir junto?

  • Claro, vamos lá!

E assim foram, Chapeuzinho e o Lobo – ou Vermelhinha e Boludo, que eram os apelidos pelos quais se chamavam.

No caminho, os dois amigos viram muitas flores bonitas, e resolveram pegá-las para enfeitar a casa da Vovó. E eram tantas, mas tantas flores, que logo os dois estavam carregados, parecendo uma floricultura ambulante!

Quando chegaram na casa da Vovó, ela não estava.Mas tinha deixado algo em cima da mesa. Uma bandeja cheia de docinhos! Os olhinhos dos dois brilharam ao ver aquilo. Chapeuzinho foi quem deu a ideia:

  • Boludo, acho que não tem problema se a gente comer um docinho, né?

  • Acho que um docinho só não vai fazer falta, né, Vermelhinha?

  • É, unzinho só não faz diferença...

  • Dois, né, um para mim e outro para você!

  • Isto, dois. Dois não farão falta. Vamos provar!

Comeram um, depois outro, depois mais um, depois mais outro... até que tinham acabado com a bandeja toda! Foi assim, num piscar de olhos, sem que eles nem percebessem. Quando viram o estrago que tinham feito, ficaram desesperados:

  • E agora, Vermelhinha, o que vamos fazer?

  • Boludo, me deixa pensar!

  • Pensa logo e pensa rápido, porque a gente tá frito!

Chapeuzinho pensou e pensou e chegou à conclusão que não tinha outro jeito: teriam que fazer mais doces! Comunicou sua decisão ao Lobo. 'Vamos ter que fazer mais docinhos, não tem outra maneira. Vamos fazer brigadeiros, que é o que eu mais gosto!'

Chapeuzinho pegou uma panela grande e tacou lá dentro o leite condensado e o chocolate. Só que nenhum dos dois amigos tinha feito brigadeiro antes, então... Arruinaram a receita! O brigadeiro ficou duro, grudado no fundo da panela, não conseguiram comer de jeito nenhum! Chapeuzinho teve, então, outra ideia.

    • Já, sei o que vamos fazer! Vamos tentar a receita de beijinho de côco para ver se é mais fácil. Também é um docinho bem gostoso, né?

    • Gostoso, é. Mas será que é fácil de fazer?

    • Eu já vi a Vovó fazendo diversas vezes. É só misturar este leite com o côco. Tentar não custa, né?

    • É, tentar não custa!

Mas foi aí que os dois se enganaram feio! Tentar custou caro, já que eles realmente não sabiam fazer doces...

Colocaram os ingredientes na panela e deram uma mexidinha. Achando que estava demorando muito para ficar pronto, resolveram sair para brincar um pouquinho. Quando voltaram, eles não tinham apenas estragado o doce. Tinham estragado tudo – o doce queimou, grudou na panela. A panela continuou queimando, derretendo o cabo. No final das contas, ao entrarem na cozinha, tudo que restara era uma mancha preta na parede e um cheiro muito forte de queimado.

    • Estamos mais que fritos, Vermelha! Estamos fritos, cortados e servidos no espetinho!

    • Estamos fritos, Boludo! E agora?

    • Não sei, não sei, não sei!

Ficaram os dois indo de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Até que o Lobo teve uma ideia.

  • Já sei! Vamos pegar as flores que trouxemos para enfeitar a parede!

  • Boa ideia, vamos fazer isto agora mesmo!

Os dois correram para enfeitar a parede inteirinha. Em questão de minutos, não se via uma única marquinha de queimado, a parede estava coberta de flores. Foram até a despensa da casa da Vovó, pegaram um pacote de biscoitos e colocaram na bandeja em cima da mesa. Mal acabaram de fazer isto, a Vovózinha chegou.

  • Chapeuzinho, Lobo, vocês estão aqui! Que surpresa boa!

  • Não sei se a senhora vai achar a surpresa tão boa assim, Vovó – disse a Chapeuzinho.

A Vovó notou os biscoitos no lugar dos docinhos, e antes que tivesse tempo de dizer qualquer coisa, Chapeuzinho e o Lobo contaram, tintin por tintin, tudo o que acontecera. A Vovó ouviu tudo em silêncio, e então deu um sorriso.

  • Mais importante do que os docinhos, do que as panelas, e até do que a parede, é a segurança de vocês dois. Vocês correram um risco muito grande, mexendo com fogo sem ter um adulto por perto. Graças a Deus que estão bem!

  • Mas... e os docinhos, Vovó, e a parede? - perguntou Chapeuzinho.

  • Os docinhos eu fiz para vocês. Não tinha problema nenhum em comerem todos, eles estavam aqui aguardando que vocês viessesm. E, quanto a parede, vocês fizeram o mais importante: contaram a verdade!

  • Contamos a verdade, mas estragamos a parede! - disse o Lobo.

  • Pelo contrário! Agora tenho uma parede linda, coberta de flores, que vocês enfeitaram com todo carinho para mim! - respondeu, sorrindo, a Vovózinha.

Chapeuzinho e o Lobo ficaram muito felizes por terem contado a verdade! Estavam com tanto medo da reação da Vovózinha, mas ela os desculpou porque eles foram sinceros.

A Vovó fez um lanche bem gostoso para todos. Chapeuzinho e o Lobo, neste dia, aprenderam várias lições que nunca mais esqueceram. Daquele dia em diante, não tentaram mais mexer com fogo, nem mesmo para fazer docinhos. E, sempre, sempre, contam a verdade, não importando quão difícil pareça ser fazer isto. Só teve uma coisa que eles não aprenderam: não conseguiram deixar de ser bagunceiros, e continuam aprontando todas por aí!

2 comentários:

Elaine Cunha disse...

Que delícia de narrativa!

Beijocas!

Aretusa disse...

História de criança danada e feliz e que mesmo aprontando todas, sempre conta a verdade no final!!
Mas eu adoro a história original, Sophia também. E ela não tem medo de lobo e no que depender de mim, nunca vai ter e nem vai ficar achando que todo lobo é mau, etc...
Beijocas,
Aretusa, mamãe da Doce Sophia

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