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A matemática da Sophia

A matemática da Sophia





A matemática tem leis universais, que valem em todos os cantos do mundo. De tudo o que se move e transmuta o tempo todo, esta é uma ciência que sai ilesa: suas definições são imutáveis. Até vir uma menininha, doce que só ela, para desafiar as leis da matemática.

Já era de se esperar que aquela menininha fosse aprontar alguma. Quando a cegonha a trazia para sua mãe, tanto ela se balançava, tanto ela dançava, que não teve jeito: caiu no meio do voo! Por sorte, sobrevoavam uma fábrica de doces e ela caiu no meio do mel. Não se machucou nadinha, mas ficou toda melada. A cegonha deu-lhe um banho – ela riu muito disto – antes de levá-la à sua mãe – 'o que ela vai pensar se eu lhe entregar a menina cheia de mel?' Mas o banho não adiantou muita coisa. O mel tinha entrado em sua pele, estava por toda ela. Tinha virado, ela mesma, um docinho. A menina doce. A doce Sophia.

O que tinha de doce, Sophia tinha de esperta. Era carinhosa e também muito levada! Se fazia alguma arte, não esperava levar bronca: ia logo abrindo o sorriso mais doce do mundo, fazendo aquela carinha de 'me faz um carinho' e pronto! Todo mundo esquecia da arte e lhe cobria de beijos.

Quando entrou na escola, como era de se esperar, fez uma porção de amigos e virou o xodó da professora. Até o dia da aula de matemática. A professora começou apresentando os números, e Sophia adorou conhecê-los. E então à professora passou às operações básicas, e aí que aconteceu a confusão.

A professora explicava, calmamente, que um mais um dá dois. Todo mundo anotava no caderno, sem piscar. Um mais um igual a dois. Sophia olhava para a professora e sua carinha era de dúvida. A professora notou.

  • Que houve, Sossô? Está tendo alguma dúvida?

  • Sim.

  • O que é?

  • Lá em casa, um mais um não é igual a dois.

A professora riu. Achou que fosse brincadeira.

  • Sophia, em todas as casas um mais um é igual a dois!

  • Na minha, não é.

  • Claro que é! Na sua, na minha, na de todo mundo: um mais um é igual a dois. Anota aí no seu caderninho.

  • Não, professora. Na minha casa, um mais um deu três, depois deu quatro.

  • Um mais um não dá quatro! - a professora começou a perder a paciência.

  • Lá em casa, dá! - disse a menininha com doçura e uma certeza absoluta.

Os outros alunos começaram a agitar-se e a professora achou melhor encerrar a discussão.

  • Sophia, anota o que eu te pedi, sim? Depois da aula conversamos - e continuou a lição.

No final da aula, a professora pediu que Sophia esperasse um pouquinho. Chamou sua mãe, que viera buscar-lhe, e contou o que acontecera. A mãe, também ela muito doce, abriu um sorriso e disse:

  • Eu sei o que aconteceu. Lá em casa um mais um é mais que dois, mesmo.

A professora fechou a cara, querendo dar uma bronca na mãe que ensinava matemática errada à menina. A mãe de Sophia viu que a professora não estava entendendo nada, e foi logo se explicando:

  • Eu sou uma, o pai da Sophia é outro. E a nossa soma nunca deu dois. Ele já tinha a Yasmin, e junto tivemos a Sophia. E foi assim que o nosso um mais um deu quatro!

A professora soltou uma gargalhada. Entendeu, afinal, que naquela família somavam os amores. E os amores não seguem, mesmo, as leis da matemática. E um mais um dá mais que dois!

Sophia foi para casa aprendendo esta lição: na matemática, um mais um dá sempre dois. Na vida, às vezes dá. Mas quando um mais um dá mais que dois... é muito melhor!

1 comentários:

Aretusa disse...

Dadá, eu Sophia, Yasmin e Omar adoramos a historinha!!
É muito legal ver a história de nossa família desse jeito, é emocionante!!
Obrigada de novo!!
Beijocas,
Aretusa, mamãe da Doce Sophia

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