A história de um caminhãozinho sozinho
Era uma vez um pequeno caminhãozinho chamado Tuc. Seu pai era um grande caminhão de transporte e sua mamãe uma van bem grande, destas que cabem uma família inteirinha. Tuc tinha nascido na beira da estrada, onde viviam seus pais, e lá passava seus dias.
Os dias de Tuc eram sempre diferentes. Ele amanhecia em um lugar e dormia em outro, quase todos os dias. Seu pai recebia um chamado e ia atender; Tuc ia junto. De lá, outro chamado,outra cidade, outra pessoa precisando de seus serviços. Pai, mãe e filho levavam a vida na estrada, indo e vindo sem parar.
O que pode parecer uma aventura para alguns, para Tuc era um grande sacrifício. O caminhãozinho não gostava nadinha disto de ficar indo de um lado para o outro o tempo todo. Reclamava, sempre:
Mamãe, não dá para pararmos em um lugar de vez, não?
Nós vamos onde tem trabalho, Tuc, você sabe disto.
Mas não pode ter trabalho em um lugar fixo?
O nosso trabalho é este, Tuc, indo para lá e pra cá. As pessoas se mudam, nós as levamos. É uma grande aventura nossa vida!
Vida de ioiô, isso, sim!
Saiba que tem muita gente que gostaria de poder viajar tanto quanto nós!
Pois sim! Se soubessem...
Tuc ficava sempre bastante injuriado com sua vida nômade. Não tinha amigos, cada dia estava em um lugar novo. Seu sonho era poder dormir e acordar todos os dias no mesmo cantinho, ter os mesmos amigos, a mesma vidinha dia após dia. 'Quero vida de árvore', dizia, 'não de ioiô!'. Mas, não tinha jeito. Seus pais recebiam novas encomendas e lá ia a família toda, para lá e para cá outra vez!
O tempo foi passando e Tuc foi se tornando um caminhãozinho murcho, cabisbaixo, trisitinho que só ele. Sua mamãe notou a mudança do filho e, preocupada, foi lhe perguntar o que estava o aborrecendo. Tuc, mais uma vez, disse que não aguentava mais tanta mudança:
As pessoas se mudam e nós mudamos também! Mas elas ficam lá, na casa nova, e nós? Quero uma casa nova também!
A mãe sofria muito com a angústia do filho, ms não sabia o que poderia fazer. Este era mesmo o trabalho deles, não tinham como mudar. Foi, então, falar com o marido.
O Tuc anda cada vez mais tristonho. Já não sei mais o que fazer!
Nós sempre levamos esta vida e sempre gostamos! Por que Tuc não consegue se acostumar?
Ele quer ter raízes, quer ter amigos!
Ora, é isto? Vou conversar com ele.
O pai de Tuc era um caminhão muito experiente, nasceu e cresceu nas
estradas, transportando mudanças por todo o país. Adorava a vida que levava e queria que seu filho pudesse aproveitá-la também.
Tuc, meu filho, precisamos conversar.
Sim, papai.
Sua mãe disse que você anda muito aborrecido com nossa vida errante.
Sim, papai.
Por que, meu filho?
Porque não temos raízes, não tenho amigos!
Tuc, meu filho, por favor.
É verdade, papai.
Não, não é. Alguém te disse que para ter amigos você precisa estar preso em algum lugar? Que você precisa de raízes para ser feliz?
Não, mas...
Preste atenção ao que vou te dizer. Você, meu filho, é um sortudo!
Sortudo?
Sim, claro! A cada dia você tem uma nova oportunidade em sua vida. Cada dia é um novo dia para descobrir algo novo, fazer um novo amigo. Ao invés de se preocupar com os amigos que não tem, preocupe-se com os que pode vir a ter! Eu passei a minha vida inteira nas estradas, tenho amigos por todo lado. Onde vou sou bem querido, onde vou me sinto acolhido. E aí estão as minhas raízes: no pedaço de mim que deixo para trás, em cada amigo que faço, cada abraço apertado, cada beijo de despedida.
Tuc ficou muito impressionado com o que sue pai lhe disse. Depois desta conversa, sua vida mudou. Acordava feliz por estar em um lugar diferente. Pensava: mais um canto para eu conhecer! Fazia amigos por onde passava, deixava um pedacinho seu para trás. E levava pedacinhos de tudo com ele: gente, bicho, carro. Pedacinhos de amizade que faziam suas raízes.
Alguns anos mais tarde, os pais de Tuc se aposentaram e ficaram morando em um mesmo lugar. Tuc continuou levando a mesma vida. Acordava e dormia no mesmo lugar, todos os dias. Mas todos os dias acordava pensando: 'um novo dia, uma nova oportunidade de fazer algo diferente!' E assim passou a vida procurando coisas novas, fazendo novos amigos, deixando para trás pedacinhos seus. E construindo sua vida com pedacinhos de amor dos outros, como todos devem fazer.
5 comentários:
que lindo!!!
Haa que linda ❤️ história.
Lendo em 2021 para meu filho.. que linda história.. ❤️
Lendo para o meu pequeno de 4 anos, outubro de 2021.
Lendo para meu sobrinho Arthur de 4 anos, ele ama essa historinha, já li umas três vezes.
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