A historinha do dia
como eu disse na minha 'apresentação', eu era doida para ter um filho. Por isso, não é de se estranhar que meu bebêzinho favorito, quando criança, era 'A hora do banho', que era um bonequinho (menino!), que vinha com uma banheira, fraldinha, toalhinha e etc. Quando, em março deste ano, eu vi um exemplar similar em uma loja de brinquedos, não resisti! Comprei de presente de aniversário para a minha borboletinha, Carol (tenho duas sobrinhas com este nome, por isso ele aparece com frequência...). Enfim, ela amou! E minha queridíssima amiga Clarissa, a mãe dela, a filmou dando banho na boneca. E na semana passada, me deu um ultimato: quero uma historinha para a Carol. Faz ela dando banho na boneca! E daí surgiu a historinha de hoje. A introdução ficou abaixo da história para que a mesma não perdesse seu charme.
Eu já tinha dito, e repito. Quem quiser que eu escreva historinha para seus pequenos, me escreve! Me deixa um comentário aqui, ou me manda um email - como tenho diferentes contas, me avisa nos recadinhos que mandou o email para eu verificar na hora. Para mim, contar uma história é uma forma eternizar um momento, dar a ele um pouco de poesia. E eu vou ficar muito feliz de participar, mesmo que indiretamente, dos momentos felizes de vocês.
É isso. Para quem quiser ver o vídeo da Carol dando banho em sua boneca, ele está aqui. Mas, atenção: são 3 minutos de fofurice explícita!!! Só vejam se estiverem querendo sorrir e incluir um pouco mais de amor no seu dia!
Mil beijos e bons sonhos
A minha historinha!
muitas pessoas tem me feito uma pergunta que eu achei muito engraçada, mas que, parando para pensar, é bem apropriada. A pergunta é 'qual é o seu nome?' Acho que não dá para imaginar que alguém é registrado como 'Dadá', não é? Bom, eu não fui! E como hoje é sábado, e sábado é um ótimo dia para conhecer pessoas, aproveitei para tirar um tempinho e vir me apresentar.
Meu nome é Eneida. Eneida Horácio. Prazer em conhecer! Meu nome foi escolhido em homenagem não ao livro, mas à uma pessoa maravilhosa, minha tia, xará e obstetra, Dra. Eneida Horácio. Sim, sim, mesmo com um nome tão incomum somos duas neste mundo!!! :) Talvez por ter sido uma pimenta quando era pequena, talvez porque minha tia já era 'Eneida', desde sempre me chamam de Dadá. Todo mundo. Já tive porteiro que me chamava assim! Como é assim que sou conhecida pelos meus amigos, resolvi assinar com o meu apelido - porque considero todas as pessoas que vem aqui como amigas. Mas, agora que vocês já sabem meu nome, fiquem à vontade para me chamar como quiserem, Dadá ou Eneida. Eu acho meu nome bem bom também!
Bom, escrevo sobre e para os pequenos e alguns já me perguntaram também sobre a minha infância. A minha infância se divide em duas partes: primeira e segunda infâncias. Minha primeira infância foi passada em Salvador - para onde me mudei quando tinha menos de dois meses de vida - e no Rio de Janeiro. Venho de uma família enooooorme, cheia de tios e primos e cresci cercada daquela bagunça familiar. Um mês antes de completar dois anos de idade ganhei minha 'toddynho': minha irmã, Nine, companheira de aventuras! É com ela ao meu lado que tenho todos os registros da minha primeira infância: seja na escolinha, seja em casa, jogando papéis para o alto (fazíamos o nosso próprio sorteio da Xuxa em casa), brincando de elástico, enrolando e comendo brigadeiros... enfim, todas estas coisas boas que nos fazem lembrar da infância como a melhor fase da vida!
Minha segunda infância começou quando eu e minha irmã ganhamos um presente ímpar de nosso pais. Ganhamos um boneco. Um boneco de verdade! Meu irmão, Frê, nasceu quando eu estava com 9 anos de idade e sua vinda mudou as nossas vidas. Minha mãe deixava que fizéssemos tudo com ele: dar mamadeira, trocar a fralda, dar banho - anos 80, vocês sabem, quando o politicamente correto ainda não existia. Por isso que eu digo que ganhei um boneco... Um boneco que eu amava (amo!)tanto, que curti tanto, que me fez querer muito, desde sempre, ter um filho. Filho. No masculino.
Realizei este sonho em fevereiro do ano passado, quando o Davi nasceu. Eu, que sempre fui uma leitora voraz, devorei livros sobre maternidade enquanto estava grávida. E descobri que o feto ouvia - o que eu, até então, não sabia. Daí comecei a contar historinhas para ele. Uma coisa leva à outra e... bem, estou aqui! Contando historinhas para vocês, também...
Espero ter satisfeito a curiosidade de todos, mas se ainda restar alguma dúvida, podem perguntar!
Ah, sim: as fotos.
1- Eu, minha irmã e nossos pais no meu aniversário de 3 anos. Sou a criaturinha de unhas vermelhas comendo gelatina!
2- Eu, com meu irmão no colo, no dia seguinte ao seu nascimento. Era muita alegria!!!
3- Eu e o Davi, em fevereiro deste ano, em uma das festinhas de seu primeiro aninho. O Tema? Um dos meus livros infantis preferidos, 'O Pequeno Príncipe'.
Um beijo estalado e um abraço apertado!
O menino que quase virou cachorro - Ruth Rocha
mais uma vez a historinha do dia é da Ruth Rocha. Miguel é um menino que acha que seus pais lhe tratam com indiferença, como se ele fosse um cachorro. Ok, vamos lá: não devemos tratar os pequenos com indiferença. E também não devemos fazer isso com os cachorros! Crianças e animais merecem amor, carinho, cuidado e atenção.A historinha mostra como Miguel se faz ser notado pelos pais, de uma maneira... inusitada, digamos. Espero que vocês gostem. Mil beijos e bons sonhos.
O Menino que Quase Virou Cachorro
Miguel era um menino bacana.
Brincalhão, inteligente, amigo dos amigos.
E ele era muito amigo do Tanaka, um outro menino brincalhão, inteligente e descolado.
Os dois conversavam muito, sobre uma porção de coisas.
Um dia o Miguel disse pro Tanaka:
-Cê sabe, Tanaka, eu acho que eu sou invisível.
-Invisível? Como assim? Eu estou vendo você muito bem...
- Não – disse o Miguel – não sou invisível pra todo mundo, não. Só pros meus pais. Eles olham pra mim, mas acho que eles não me enxergam!
O Tanaka ficou espantado. E então eles combinaram que iriam à casa do Miguel só pro Tanaka ver.
No sábado, na hora do almoço Tanaka chegou, como eles tinham combinado.
Miguel abriu a porta, mandou o amigo entrar e anunciou a todos que já estavam sentados pra almoçar :
-Eu trouxe o Tanaka pra almoçar conosco!
A mãe do Miguel levantou, botou um a cadeira pro Tanaka, foi buscar um prato, um copo e os talheres.
Enquanto isso ia conversando:
-Olá, Tanaka, faz tempo que você não aparece! E sua mãe vai bem? E sua irmã, tão bonitinha, sua irmã...
Mas nem olhou pra Miguel.
Miguel sentou-se, serviu-se, comeu, e ninguém olhou pra ele. Tanaka ficou reparando.
Então o Miguel fez uma pergunta pra pai, mas ele estava prestando atenção à TV e só fez:
-Shhh...
Quando os meninos saíram o Tanaka estava espantado, mas ele disse:
-Acho que as famílias são assim mesmo. Ninguém presta atenção aos filhos...
O Miguel ainda falou:
-Pois é, quando eu saio com mau pai é ainda pior! Mau pai fala comigo como se eu fosse o cachorro “Anda!”, “Anda logo!” “Espera!” “Anda!” “Vem logo!”
Na semana seguinte Miguel saiu com o pai. E como ele tinha dito o pai só dizia “Anda!”, “Vem logo!”
Miguel foi ficando bravo.
Aí quando o pai, mais uma vez disse “Anda!” Miguel latiu:
-Au, au, au, au!
O pai olhou espantado, mas o ônibus estava chegando e eles tomaram o ônibus.
Quando desceram o pai continuou: Anda, para, espera, vem logo!
Miguel latiu outra vez:
-Au, au, au, au!
O pai olhou espantado:
-Que é isso, menino, vem!
E o Miguel:
-Au, au, au, au! -Pára com isso! – o pai respondeu – Vem!
Miguel resolveu parar, porque achou que o pai estava ficando bravo...
Mas na outra semana havia um casamento de uma prima e o pai levou o Miguel para comprar uma roupa. Nem perguntou o que ele queria. Já foi escolhendo uma calça comprida, uma camisa, um suéter e ... uma gravata. Miguel não falou nada, porque ninguém perguntou. Mas ele pensou: “Eu não vou botar gravata, nem morto. Eu não sou cachorro pra usar coleira...” No dia do casamento Miguel tomou banho, se vestiu, calçou os sapatos, que também eram novos, mas não botou a gravata. O pai dele chamou: “Vem aqui. Miguel chegou perto do pai e disse: - Eu não quero botar gravata. Parece coleira. O pai nem respondeu. Ele disse: -Vem! E foi botando a gravata no pescoço d Miguel e dando um laço e apertando o laço e o Miguel começou a uivar. -Aúúúúúúú! O pai ficou espantado, mas continuou a apertar o laço e a dizer: -Fica quieto! Não se mexa! Pare com isso! E então o laço estava tão apertado que o Miguel não agüentou. Tacou uma mordida na mão do pai. O pai ficou furioso, cheio de “Que é issos” e de “ Para já com issos” e de “Vam’ver, vam’veres”. A mãe veio lá de dentro pra ver o que estava acontecendo e o Miguel disse: -Se não querem que eu vire cachorro, não me tratem como cachorro! O pai olhou pra mãe. A mãe olhou pra pai. -Que é isso – disse a mãe – ninguém trata você como cachorro! E o Miguel respondeu: -Então não me ponham coleira! Não me chamem “Vem”. Eu tenho nome. O Miguel, nesse dia, foi ao casamento sem coleira... quer dizer, sem gravata. E o Tanaka e contou que quando foi à casa do Miguel, na semana passada, os pais falavam com ele direitinho:
-Quer mais feijão, Miguel?
-Me passa a batatinha, filho?
A historinha do dia
bom dia! A historinha do dia conta a história de uma casa diferente, que existe de verdade e eu adoro acompanhar, de longe, vendo fotos. Nesta casa vivem duas crianças lindas, cercadas de muito verde e muitos animais. Tem cachorro, gatos... e uma cobra que aparece para visitar aos domingos. Parece mentira, mas eu juro que não é conto de fadas! Enfim, vejo estas fotos e tenho uma maravilhosa sensação de liberdade. E penso que estas crianças, crescendo assim, se tornarão uns adultos muito bacanas - divertidos, interessantes... e tolerantes.
Sabe aquela história de que não se julga um livro pela capa? Pois é, algumas pessoas já tinham me pedido que eu trouxesse uma história que mencionasse inclusão. A de hoje traz esta lição: não devemos julgar o outro pela aparência - um pré-conceito, muitas vezes, nos impede de fazer um amigo. E não é esta uma valiosa lição para passarmos adiante? Com vocês, a historinha do dia!
Mil beijos e bons sonhos
PS: hoje é dia de muita NOBREZA!!!! Não estou falando do casamento, não. Hoje é o aniversário de uma das melhores pessoas que conheço, minha amiga Fabiana. Faby, eu te amo! Que o seu dia seja maravilhoso!!!!! Beijos com saudades.
Tem uma cobra na varanda!
Tem uma cobra na varanda!
No meio da noite, Napoleão pensou ter ouvido um ruído do lado de fora da casa. Saiu, silenciosamente, pela pequena portinhola situada na porta da cozinha. Com cautela, circulou toda a área em volta da casa até chegar à varanda. Olhou, mas não viu nada. Ainda assim, seu instinto lhe afirmava que havia alguma coisa estranha acontecendo ali. Deu um rosnado e três latidos fortes, para mostrar sua presença. Nada. Fez nova tentativa. Nenhum sinal de vida, ali. Esperou durante mais de meia hora, mas não conseguiu ver nenhuma movimentação estranha. Acabou voltando para sua cama, instalada no chão do sala.
O sol raiou e Napoleão acordou num susto. A impressão da noite anterior era agora ainda mais forte. Sem se preocupar com o barulho, saiu estabanado pela porta da cozinha e correu até alcançar a varanda. Quando chegou, não podia acreditar no que estava vendo. Ali, na sua frente, confortavelmente instalada no pilar da varanda, estava uma enorme, ameaçadora, pronta-para-dar-o-bote cobra! Napoleão não sabia o que fazer! Deveria espantá-la dali de uma vez, naquela hora, sozinho? E se fosse atacado? Achou melhor não arriscar. Com cuidado, foi distanciando-se, entrou devagar pela cozinha e... voou para o andar de cima!
Não sabia quem deveria chamar primeiro, mas como a Linda já tinha acordado e estava fazendo alongamento no corredor (esta gata tinha mania disso! Todo dia dizia que estava se alongando, mas Napoleão acahva que ela estava era se espreguiçando mesmo), resolveu começar por ela.
Linda, corre! Você não sabe o que aconteceu - tem uma cobra na varanda!
Aaauhhnn – Linda bocejou – bebeu, Napô? Como que uma cobra teria vindo parar aqui na varanda?
Como ela veio parar eu não sei, mas o fato é que ela chegou aqui! Vamos, vamos lá embaixo que eu te mostro.
Você está doido mesmo. O que que nós dois faremos diante de uma cobra? Temos que chamar alguém!
Isto, vamos já acordar o Leleco. Nós três juntos podemos...
Leleco? O que um cachorro e dois gatos poderão fazer contra uma cobra? Temos que chamar uma pessoa, alguém que possa, de fato, se livrar da bicha!
Se livrar?
Claro, ué. Você vai querer uma cobra ocupando a nossa varanda?
Não, mas...
Então, pronto. Temos que dar um sumiço nesta dita. E para isso precisaremos de ajuda.
De dentro do seu quarto, Tiana ouvia latidos e miados baixinhos e sabia que Napoleão e Linda estavam conversando no corredor. Apesar de não conseguir entender o que seus amigos estavam dizendo, Tiana pressentia que tinha alguma coisa errada. Quando a menina abriu a porta e interrompeu o diálogo dos dois, eles a olharam com espanto. Sem saber o que fazer, Napoleão fez um sinal com a cabeça para as duas. Tiana e Linda o seguiram em silêncio enquanto o cão descia as escadas e encaminhava-se para o lado de fora da casa.
Ao chegarem na varanda, Linda ficou com todos os pêlos do corpo arrepiados. Não imaginara que a cobra fosse tão grande. A menina, ao invés, parecia achar natural a cobra estar ali. Olhou para os dois e disse: 'vocês estão com medo da cobra, né?' Napoleão latiu; Linda encolheu-se toda. Tiana entendeu que estavam apreensivos. Chegou perto da cobra e disse:' bom dia, dona cobra! Eu sou a Tiana, aquele é o Napoleão, e aquela fofinha é a Linda. Você está visitando ou veio para ficar?'
A cobra olhava para a menina como se estivesse entendendo o que ela dizia. Desceu do pilar e ficou deitada no chão da varanda, imóvel, a poucos centímetros de distância do pé da menina. Tiana, por sua vez, não conseguiu conter a curiosidade e passou a mãozinha, delicadamente, pelo corpo do animal. 'Você tem a pele muito bonita', disse para a cobra. Virou-se, então, para Napoleão e Linda e afirmou:' está tudo bem, não há o que temer.' E saiu da varanda saltitando.
Napoleão e Linda se entreolharam. Deveriam confiar na cobra? Ela não atacara a menina, será que os atacaria? Napoleão resolveu dizer algo:
Bom dia.
Bom dia! - a cobra respondeu com alegria.
Bom dia, tudo bem? - continuou Linda.
Tudo ótimo! Respondeu a cobra.
Então... como você se chama? - Napoleão indagou.
Meu nome é Esmeralda.
E você vem sempre aqui, Esmeralda? - perguntou Linda.
Não, é a primeira vez. Eu estou indo para o almoço de domingo na casa da minha vó, que fica naquele pântano ali adiante. Resovi chegar um dia mais cedo para ajudar, mas acabou escurecendo e eu me perdi. Daí quando amanheceu, o sol estava tão gostoso que eu resolvi me bronzear um pouquinho.
Esmeralda continou conversando com Napoleão e Linda durante horas. O resto da família acordou, viu a cena e riu muito. Os três pareciam velhos amigos. Esmeralda era uma cobra que já tinha viajado por diversos lugares, tinha visto muita coisa, conhecido muita gente... enfim, tinha uma porção de coisas interessantes para contar. Napoleão e Linda, em cinco minutos de conversa, perceberam que ela era gente boa prá caramba, e a convidaram para vir vistá-los, todos os domingos, antes do almoço na casa da avó.
E assim foi feito. Todos os domingos, Esmeralda aparecia e contava como tinha sido sua semana. O cachorro e os gatos (Leleco logo virou amigo dela também) esperavam ansiosos para saber o que ela tinha para contar. Tiana sempre ficava perto deles, ouvindo a conversa. Não precisava entender o que estava sendo dito: sabia que seus bichinhos estavam de fofoquinha com a cobra e achava graça nisso.
Napoleão e Linda seriam sempre gratos à menina. Ela não sabia, mas havia lhes ensinado algo muito importante. Ela lhes mostrara que não devemos julgar os outros pela aparência. Bicho ou gente, cada um é de um jeito, mas na verdade são todos iguais. Todos devem ser tratados com educação, gentileza, respeito e consideração. Se não tivessem seguido o conselho de Tiana, teriam expulsado Esmeralda dali apenas porque ela era diferente. E teriam perdido a chance de fazer uma grande amiga.
A historinha do dia
preciso confessar uma coisa. Eu detestava as aulas de educação física no colégio! Por mim, levaria um livro e ficaria sentadinha num canto lendo. Mas, tirava o termo 'aula de educação física ' do jogo e eu me divertia muito, principalmente na queimada. Acho que eu não gostava da obrigação de praticar um esporte. Mas, hoje, já adulta, percebo a importância de praticá-los. Não estou falando do óbvio, do desenvolvimento físico, do cuidar da saúde. Estou falando das crianças dividirem-se em times, de correrem juntas atrás do mesmo objetivo. Esta é uma lição valiosa que se leva para o resto da vida, não acham? Enfim, estava pensando nisso e daí saiu a historinha do dia. Espero que vocês gostem.
Quero aproveitar para me desculpar por ainda não ter respondido alguns emails, comentários, recadinhos. O Davi anda numa fase 'quero mamãe 100% do tempo', então acabo ficando enrolada. Duvidam? Escrevo estas linhas com ele sentado no meu colo, fazendo uma bagunça danada! Vocês sabem, vida de mãe... Mas vou me organizar para responder tudo, checar os blogs que vocês tem recomendado (cada coisa linda!), enfim, dar um retorno a vocês, ok?
Mil beijos e bons sonhos!
Aula de Educação Física
Quarta-feira era dia de briga no colégio. Os alunos sabiam, o diretor sabia e o inspetor também. O professor estava sempre no meio da confusão. Era difícil conseguir que todas as crianças chegassem a um acordo. Não dava. Cada um queria uma coisa e sempre havia disputa.
A aula era a mais esperada pelos alunos. Educação física. Só a tinham uma vez por semana, durante pouco mais de uma hora. E, neste tempo, não precisavam estudar a tabuada, saber a gramática e nem aprender geografia. Tinham esta aula como uma pausa no meio da semana. Uma pausa para brincarem sem ser incomodados.
Claro que a briga começava na disputa pela brincadeira. Alguns meninos queriam jogar basquete. Havia a turma louca para jogar futebol. As meninas, em sua maioria, gostavam da ginástica olímpica. E assim se passavam sempre os primeiros dez minutos da aula – com o professor tentando fazer todos chegarem a uma decisão sobre a atividade do dia. Os debates eram calorosos: cada um defendia seu esporte com garra! Todas as crianças pareciam envolvidas na disputa. Todas, exceto a Cris.
A Cris não era do tipo que gostava de confusão. Ouvia tudo que os outros diziam numa tremenda indiferença. Às vezes chegava a levar um gibi para a aula. Enquanto os outros estavam decidindo qual seria o esporte do dia, ela abria sua história em quadrinhos e ria sozinha. O professor não notava, mas seus amigos chamavam a atenção: ' Cris, diz que prefere o basquete!', 'Cris, a ginástica olímpica é mais legal, não concorda?', 'Cris, o futebol é o mais divertido de todos!'
Cris sorria e balançava a cabeça. Nunca se sabia se ela estava concordando ou discordando do que era dito. No final das contas, um dia era basquete, no outro futebol, no outro a ginástica. Para ela, seria mais fácil se fizessem um calendário dividindo as aulas do mês. Assim, em cada aula fariam uma coisa e todo mundo ficaria igualmente satisfeito. Mas, ninguém nunca tinha sugerido e ela preferia se concentrar nos seus quadrinhos do que na discussão dos outros.
Conforme as aulas foram passando, cada aluno foi conseguindo o dia do seu esporte preferido. Até dia de andar de patins teve! E as crianças foram ficando satisfeitas de ver que todas conseguiriam ter seu pedido atendido.
Passados alguns meses, todos tinham sugerido uma atividade diferente, e todas tinham sido feitas. Só a Cris que nunca pedira nada. Jogara bola de todas as formas: no basquete, no volley, no handball e na queimada. Tinha dados saltos na ginástica olímpica e piruetas no jazz. Caíra andando de patins, mas se saíra muito bem com o skate. Parecia ter se divertido muito em todas as atividades, mas nunca pedira nenhuma.
Chegou o último dia de aula do semestre e o professor disse: ' Só falta uma pessoa para decidir o esporte do dia. Cris, você nunca entrou na briga para escolher a atividade, mas agora chegou a sua vez. Hoje todos irão praticar o esporte que você quiser'.
Cris parou e ficou olhando para os outros alunos. Pensou, pensou, e nada. Disse, finalmente:
- Professor Lauro, eu não tenho esporte preferido.
- Como não tem? - respondeu Lauro – O que você prefere fazer, Cris? Você pode escolher o que quiser! Você fez tudo o que os outros sugeriram e agora é a sua vez de escolher. Diga o que você gosta e todos faremos sua atividade preferida. Do que você gosta?
Cris suspirou. Já que estavam indagando, achou que deveria responder a verdade:
- O que eu gosto é de brincar com meus amigos. O que eu não gosto é de vê-los discutindo para fazer sua vontade prevalecer.
A menina não falara por mal. Mas tanto o professor quanto os outros alunos sentiram como se ela tivesse lhes dado um puxão de orelha. O professor, desconcertado, explicou que adotara este método para que todos tivessem chance de conhecer diversas modalidades de esportes diferentes. Falou um tempão. Cris quase se arrependeu de não ter simplemente escolhido jogar volleyball.
Como era o último dia, acabaram jogando queimada. Todos se divertiram muito. Saíram de férias, divertiram-se ainda mais. Na volta às aulas, todos tinham novidades. Mas a maior novidade aconteceu na quarta- feira. Quando o professor Lauro perguntou qual seria a atividade do dia, não houve briga. Fizeram, rapidamente, uma votação. Não para aquele dia, mas para o semestre inteirinho. Todos teriam o dia de praticar seu esporte favorito. Todos, unidos, se divertindo juntos como um verdadeiro time.
A historinha do dia
hoje é dia de festa na minha casa! Minha filhota do meio, esta coisinha gostosa na foto ao lado, está fazendo dois aninhos!!! Parabéns, Tininha, nós te amamos!!!!
A historinha do dia deveria ser em homenagem a ela, mas de tanto que ela latia para o gato do vizinho ontem à noite, só consegui escrever sobre um gatinho... Godofredo, um simpático bichano que acha que perdeu sua 'dona', e vai à sua procura. Para quem ainda tinha dúvidas... cachorro, gato... amo muito tudo isso!!! :-)
Também postei uma historinha em inglês, The Teddy Bear, que achei encantadora. Espero que vocês gostem tanto quanto eu. É isto.
Mil beijos e bons sonhos!
Godofredo procura Ana Luiza
Godofredo era um gato amarelo, todo listradinho de laranja, com o focinho branco. Era pequenino, peludinho e um tanto travesso. Morava em um apartamento bem grande, onde havia espaço de sobra para ele brincar. Tinha ido parar ali quando ainda era um bebêzinho, tendo sido presente de aniversário de uma menina, Ana Luiza. Desde que os dois se viram pela primeria vez, tornaram-se inseparáveis. O sonho da menina era ter um irmão, mas seus pais, ao invés, tinham lhe providenciado o bichano. Ela não reclamou. No final das contas, tinha conseguido a companhia que queria.
Na cozinha do apartamento, tinha um espaço reservado para o Godofredo. Ele tinha uma tigela vermelha de água e um ratinho de plástico para brincar. Na hora de comer, Ana Luiza tirava a água e enchia o pote de ração. Dizia com carinho: 'Godô, tá na hora de papar!' O gato era meio enjoado para comer, e achava a ração bastante insossa. Mas não gostava de desapontar a menina, então comia tudo. Ana Luiza sempre jantava enquanto ele comia e, quando acaba, o levava para seu quarto para brincarem. Ana Luiza dava-lhe novelos de lã, ele se enrolava, desenrolava, e os dois riam e brincavam até a hora de dormir.
Um dia, Ana Luiza saiu e não voltou. Godofredo, a princípio, achou que ela poderia ter ido até a casa dos avós, ou de uma tia, ou saído numa excursão da escola. Esperou por ela o dia todo, desde a hora em que ela voltaria da escola até de noite. Nada. Já era bem tarde quando voltaram os pais da menina, sozinhos. Pareciam cansados, e seus olhares eram de preocupação. Godofredo ficou angustiado: o que estaria acontecendo? Onde estaria Ana Luiza?
A inquietação era muito grande para que o gatinho conseguisse dormir. Ficou rolando na sua caminha até o dia amanhecer. Assim que viu a primeira frestinha de sol entrando pela janela, fez algo que nunca fizera antes: fugiu de casa! Foi bastante fácil, para ele que era ligeiro, dar um pulo até a janela, e de lá pular no toldo do vizinho de baixo e assim continuar seguindo até alcançar o chão. Em minutos, estava na rua. Tudo parecia grande demais, barulhento demais, bagunçado demais. Era assustador. Mas nada o assustava mais do que não ver Ana Luiza. E assim, determinado a encontrá-la, o pequeno animalzinho saiu à caça de sua amiga.
Godofredo andou um pouco, até chegar a uma encruzilhada. De lá, não havia como passar. Vários caminhões e barracas fechavam a rua. Sentiu um cheiro que lhe parecia familiar. Resolveu seguir seu faro e seu instinto, e, quando viu, estava no meio de uma feira. Claro que ele já tinha visto o que era uma feira na televisão, mas nunca tinha estado em uma antes. Eram diversas barraquinhas, onde se via de tudo: legumes, verduras, frutas... e peixe, muito peixe! Só de olhar seu apetite se aguçava. Mas não podia parar, tinha que continuar a sua busca.
Na feira, tinham vários outros gatos. A cada um que passava, Godofredo se apresentava e pedia que levassem adiante sua mensagem. A mensagem era simples e direta 'Godofredo procura Ana Luiza'. Todos os gatos entendiam na mesma hora, e iam passando-a adiante. Mas ninguém sabia dela, nenhum gato tinha uma pista sequer. O pobre Godofedo, a esta altura, já ia ficando cada vez mais apreensivo. Será possivel que Ana Luiza tivesse, de fato, partido?
Horas e horas de procura sem resultado. Godofredo, tadinho, estava arrasado. Sem saber o que fazer, resolveu voltar para casa. Quem sabe lá ele poderia achar alguma pista que o levasse até sua amiga?
Quando chegou no prédio, levou um susto! O porteiro, ao vê-lo, agarrou com força. 'Godofredo, seu danado, não faça mais isso!' E o levou até seu apartamento. Quando tocou a campainha, Ana Luiza abriu a porta. Estava com os olhos inchados de tanto chorar. Abraçava e beijava seu amigo, repetindo o tepo todo:' Godô, seu doido, onde você se meteu? Achei que você tinha me deixado de vez!' Godofredo não entendia nada, mas estava tão feliz em vê-la que achou que nada mais importava.
Mais tarde, no quarto, Ana Luiza lhe contou o que acontecera. Tinha saído da escola direto para a casa de uma amiguinha, onde tinha sido convidada para uma festinha. Acabou ficando para dormir. Ana Luiza contou que se divertira muito, e que agora já era gente grande, pois tinha dormido sozinha fora de casa pela primeira vez. E contou ainda que sentiu muitamuitamuita saudade de seu Godô e que por isso tinha voltado para casa bem cedinho, e que ficara nervosa ao ver que ele tinha fugido.
Godofredo percebeu, então, que ele e Ana Luiza tinham tido um tremendo desencontro. E guardou esta lição. Se novamente viessem a se perder, esperaria por ela. Cada um foi para um lado, ficaram os dois desesperados! O importante é saber que, se você tem um amigo de verdade, ele nunca irá desaparecer.
The Teddy Bear
Esta historinha veio do site: http://www.goodnightstories.com e as imagens são do site: http://mygrafico.com. Espero que vocês gostem! (eu achei linda!)
The Teddy Bear
Once upon a time, there was a little boy, his name was Ben. On his first birthday, his parents got him a soft cuddly brown teddy bear. The little baby boy carried his teddy bear with him every where he went. At night the teddy bear always got to sleep next to the baby boy in his crib.
Ben grew up and got his own bedroom and a big bed to sleep in. The teddy bear got to sleep next to him in bed every night. He was his favorite toy. Ben took his teddy bear everywhere he went. The teddy bear went with the boy to the zoo, all the parks in the area, and even to school.
Ben became a teenager and he got more and more interested in video games, and going out with his friends. He stopped taking his teddy bear with him, which made the bear a little bit sad. Still, he would put his teddy bear next to him in bed every night.
Then Ben started going camping with his friends. He would spend a few nights at a time at camp. The teddy bear missed his friend a lot on those days. When Ben was back from camping he would still remember his favorite toy and bring it to bed with him.
Ben graduated from high school and had to go to a university in the big city. The boy was now a young man. He would come back home a couple of times every year for just a few days. Mom took all of Ben's toys and put them in a big box in the attic. But, the teddy bear was always special so Mom decided to put him on one of the empty shelves so that when Ben was back home to visit he could see his favorite bear. Ben's visits were too short and he spent most of his time visiting with his old friends, neighbors, and family. He would go to bed late at night, and often forgot to put the bear in bed anymore. The bear was so sad and missed the nice old days when he got to sleep every night next to Ben in his bed.
Ben, now a young man, graduated from the university and got a job in the big city. He had his own place there and would only come to visit for a few hours on the weekends. Some weekends the teddy bear would not even get to see his friend. The teddy bear was so lonely. Many nights, he would sit alone crying in the dark, and dreaming of the days when he went everywhere with his friend and slept every night next to him. He always hoped that his friend would come to take him back to the big city, but it never happened.
Ben met a very nice woman who worked with him and they both liked each other. They decided to get married, and after a year they had a little baby boy of their own. They loved their baby a lot and often brought him over to his grandparents' house. The baby boy was just as cute as his father had been when he was a baby.
One day Ben remembered his favorite teddy bear and thought that his own little baby would love to have it. He ran to his old room, went straight to the shelf and grabbed his old friend the teddy bear. The bear was thrilled that his old friend had come to visit him, but could not imagine the nice surprise that awaited him.
When Ben gave his old bear to his baby boy to play with, the baby was so happy he wouldn't leave it alone for the rest of the day. At the end of the day, Ben and his family said goodbye to his parents and went to their own cozy home. This time the teddy bear came with them. That night, and every night after that, the teddy bear got to sleep next to the baby boy in his crib. Just like his father, the baby boy would take the teddy bear with him every where he went. The teddy bear was so happy. Now he had a new family that loved him. His old friend and his new family loved him just as much as they possibly could.From: http://www.goodnightstories.com
A historinha do dia
bom dia. Para os que moram no Rio de Janeiro, como eu, atenção! A chuva deixou vários pontos da cidade alagados e é preciso ter cautela extra ao dirigir.
Bom, a historinha do dia é, mais uma vez, a recomendação de um livro. Melhor dizendo, a recomendação de uma autora maravilhosa, Maria Clara Machado. O blog vai fazer três semanas no ar e eu ainda não a havia mencionado, então não pude mais esperar...
Para quem não a conhece, Maria Clara Machado é uma das nossas principais autoras e dramaturgas, tendo escrito peças infantis lindíssimas, como Pluft, o fantasminha, A bruxinha que era boa e O cavalinho azul. Se alguma peça dela estiver sendo encenada em sua cidade, não perca a chance de levar os pequenos. Diversão certa!
O livro que eu vou recomendar é um que eu amo de paixão. É para crianças um pouco maiores, mas é tão bonito que eu não resisti! É 'O cavalinho azul'. A edição mais recente está bem difícil ser encontrada, mas vale a pena procurar - além do texto lindo, tem ilustrações bem bacanas.
É isto. Para quem tem em casa, pegue para ler outra vez. Para quem não tem, fica a dica de presente. Como sempre, uma historinha aqui embaixo para os que não tem o livro não ficarem sem ter o que ler, ok?
Mil beijos e bons sonhos!
A festa do pijama
A festa do pijama
Quando Carolina decide uma coisa, ela decide uma coisa e pronto! Não volta atrás da sua decisão, não pede licença e nem aceita explicação: ela quer e quer na hora. Assim, naquela noite, quando Carol decidiu que iria dormir com os primos, sua mãe sabia que não adiantava argumentar. Era lá mesmo que a menina iria ficar.
Já era o terceiro dia em que todos estavam naquele hotel. Durante o dia, as crianças brincavam livres pelo gramado, faziam estripulias na piscina, comiam doces e se divertiam um bocado. Já quando o sol se ia, não tinha muito o que fazer: cada um no seu quarto, para ler ou ver TV. Até pegar no sono, todos os dias estavam fazendo isso – até que Carol decidiu diferente.
Era apenas outra noite em que todos estavam exaustos. Tinham corrido, jogado bola e brincado no balanço o dia inteirinho. Só que queriam brincar ainda mais. A hora de dormir era cedo, poderiam esticá-la um pouco. Carol correu para falar com a Giovana, que chamou o Arthur, que gritou pelo Guilherme. Em apenas um minutinho, as crianças estavam todas de acordo: iriam para o quarto da Giovana, que era o maior, para fazer uma baguncinha antes da hora de ir para a caminha. Os pais, que sabiam que se reclamassem seria pior, acataram a decisão: sabiam que, se contrariados, os pequenos não parariam com a amolação.
Hora do jantar, comeram ligeiro. Queriam subir, fazer guerra de travesseiro. Subiram todos correndo, menos os bebês. Arthur não parava de gritar: 'vem logo, Davi-ê!' Só que os menores sentiam mais sono, não poderiam ficar - Davi e Pedrinho foram logo se deitar. Já para os maiores, a noite mal começara. A noite prometia: fariam uma tremenda algazarra!
No meio da noite, a festinha era boa. Pularam, cantaram e dançaram. Só foram dormir altas horas, quando já não se aguentavam de pé. Desmaiaram na cama, uns por cima dos outros. Carol e Giovana dividiam um colchão, Arthur e Guilherme dormiram no chão. Estavam todos apertados, mas com um sorriso maroto. Dormiram a noite toda, sonharam com os anjos. No dia seguinte, saíram mais felizes da cama. Que delícia ter primos para brincarem juntos numa festa de pijama!
A historinha do dia
bom dia para todos!!! Espero que todos tenham tido uma ótima Páscoa, com a família e os amigos por perto, comendo chocolate e fazendo uma baguncinha boa.
Acordei de bom-humor e quis contar uma historinha engraçada que já estava na minha cabeça há tempos, martelando. O Luca ainda está na fase do 'só quero o leite da mamãe'. Mas, e quando crescer? Será que seus avôs vão tentar puxar a sardinha para o seu lado?
Abílio, Francesco, já dei a solução. Para não haver briga, o prato tem que ser bacalhau com macarrão!!! :-)
Espero que vocês se divirtam com a disputa pelo apetite do pequeno Luca.
Mil beijos e bons sonhos!!!!
O que Luca quer comer?
O que o Luca quer comer?
Desde antes de nascer, aquele menino foi esperado. A mãe da mãe queria, a mãe do pai chorava, as tias imploravam por ele. E assim, numa sexta-feira de sol, ele nasceu. Primeiro filho, primeiro neto, primeiro sobrinho, primeiro tudo. Xodó máximo dos dois lados.
Conforme os dias passavam, Luca revelou-se um bebê tranquilo, dormia bem, quase não chorava. Mas tinha um detalhe a mais: era guloso, muito guloso! Os avôs, que se metiam menos nos dengos ao neto, começaram, então, uma leve disputa. De um lado, o avô era português – e insistia que Luca, já que era seu neto, seria fã de uma bacalhoada. Do outro lado, o avô era italiano – e insistia que Luca, já que era seu neto, seria fã de uma macarronada. Como ainda era apenas um bebê, Luca, alheio a tudo isso, devorava com gosto suas papinhas de frutas.
Luca crescia rapidamente. A curiosidade dos avôs também. Será que ele ia gostar de bacalhau? Será que ele ia gostar de macarrão? Os pais, que gostavam mesmo era de frango com salada, riam muito desta guerra pelo apetite do neto.
Luca cresceu, e, como seus pais, comia tudo quanto era salada que se pusesse em seu prato. Do alface à rúcula, nenhum verde lhe escapava. Mas agora, chegara a hora de se tirar a teima: afinal, gostaria ele do bacalhau ou da macarronada?
O primeiro a querer tirar a prova foi o português. Combinou, num domingo, que a família toda se reunisse para uma boa bacalhoada. Todos à mesa, na expectativa, e o menino foi servido. Olhou, fez cara de pouco caso. Provou, não gostou. 'Eu sabia!', disse o italiano. 'É meu neto, gosta de macarrão!' O avô português não conseguiu esconder a cara de decepção.
No domigo seguinte, a nonna caprichou. Saiu do forno, soltando vapor, aquela macarronada. Todos à mesa, a expectativa ainda maior, o menino foi servido. Olhou, fez cara de pouco caso. Provou, não gostou. 'Eu sabia!', disse o português. 'É meu neto, pode não gostar do bacalhau, mas também não come o macarrão!' E o avô italiano também não conseguiu esconder a cara de decepção.
A família toda ficou um tanto encafifada. Não gostava do bacalhau, e nem da macarronada? Luca era meio português, meio italiano. Não deveria o menino ter devorado os dois pratos com igual satisfação?
No terceiro domingo, os avôs não opinaram. A família se reuniu, mas desta vez não tinha prato. Nem macarrão, nem bacalhau, nem nada. Foram então à uma churrascaria. Chegando lá, que surpresa! Luca de tudo queria.
Agora vejam vocês, como que as coisas são. O menino, luso-italiano, desapontou os avôs sem intenção. Não quis bacalhau, não quis macarrão - já para o churrasco, não disse não. Tanta disputa pelo gosto do netinho, e no fim das contas, ele gostou do churrasquinho! Avô italiano, avô português, tanto faz. O neto é brasileiro, e as carnes é que ele quer mais!
Uma historinha de Páscoa
A lua ainda estava alta no céu e a família já estava toda de pé. Trabalhavam a todo vapor. Esperaram o ano inteiro por aquele dia e, agora que chegara, mal cabiam em si de tanta felicidade. Eram tantas e tantas encomendas que parecia que não dariam conta. Mas, como nos anos anteriores, a família, unida, sempre conseguia atender aos pedidos feitos.
Assim que o sol começou a despontar, saíram em disparada. Cada minuto contava, sabiam disso, e teriam que terminar todas as entregas antes do almoço. Os cestos, já arrumados na porta, foram levados aos pares. Cada um, naquela família, tinha uma região a visitar. Os que iriam para mais longe tinham ajuda extra, para que pudessem cumprir sua missão. O pai alugara um caminhãozinho, pequeno e muito veloz, capaz de andar em terras secas e no gelo escorregadio com a mesma segurança. Era preciso. Afinal, no ano anterior, por pouco não perderam o prazo de entrega destes lugares distantes.
O primeiro a sair levava em suas cestas o produto de um ano inteiro de trabalho. Era engraçado o fato de todos pensarem que eles só laboravam nestes dias. Trabalhavam muito, o ano todo, preparando-se para este dia tão especial – quando trabalhavam mais do que nunca! A felicidade era enorme, e sua recompensa, de valor inestimável...
Quando o último saiu, com duas cestas cujos produtos distribuiria pelas redondezas, o pai deu um suspiro de alívio. O prazo de entrega seria cumprido, afinal.
De casa em casa, sem serem notados, foram indo as pequenas criaturinhas. Levavam muito amor naquelas cestas, embaladas com um papel muito colorido e brilhante. E, para ter certeza que todos receberiam aquele amor, fizeram a mesma coisa que faziam desde sempre: colocaram o amor em ovinhos de chocolate, para que todos dessem ao menos uma mordida e recebessem seu amor.
De pulo em pulo, no prazo determinado, os coelhinhos da Páscoa cumpriram seu intento. Todos tinham recebido um tantinho de chocolate. E todos tinham recebido um bocado de amor. Amor que nem sabiam que existia, mas que estava ali, dentro dos ovinhos, para alegrarem-nos o ano todinho, até a Páscoa seguinte...
Que o coelhinho da Páscoa tenha deixado muito amor nos ovinhos de todos nós! Para todos, um delicioso - e cheio de amor- domingo de Páscoa!!!!
Mil beijos e bons sonhos.
A casa dos mil cachorros
Quando nasceu, Paulo José, como todos os outros bebês, não sabia muita coisa do mundo. E, como todos os outros bebês, foi aprendendo, aos poucos, o que são as coisas que existem por aí. E o mundinho de todos os bebêzinhos é bem parecido: tem mamãe, tem fraldinha, tem leitinho, tem colinho e muito carinho. Só que, na casa do Paulinho, tinha também mais uma coisa. Uma coisa que nem toda casa de bebê tem. Tinha um montão de cachorros!
Conforme Paulinho crescia, os cachorros cresciam juntos. Algumas cadelas davam cria, e nascia mais um tanto de filhotinhos. Para o menino, o mundo era isso: latidos e brincadeira, do despertar ao adormecer.
Paulinho tinha uma família enorme, cheia de primos, que moravam longe e não tinham cachorros. Por isso, quando seus primos apareciam, a farra era tremenda: um bando de crianças gritando e correndo atrás dos cães – que, por sua vez, faziam uma bagunça ainda maior! As tias do Paulinho, por outro lado, nem queriam saber dos bichos e se espremiam no sofá assustadas com a algazarra.
E assim, os anos foram passando e Paulinho cresceu. Alguns cachorros ainda estavam ao seu lado, outros já haviam partido. E ele continuava amando a todos da mesma forma. Mas, agora que já era adulto, percebia que muitas pessoas não partilhavam deste amor e maltratavam os animais. Isto o deixava muito, muito triste. Então, Paulinho tomou uma decisão: ajudaria tantos cãezinhos quanto fosse possível.
A batalha de Paulinho era árdua. Para cada cachorrinho maltrapilho que ele encontrava e cuidava, surgiam vários outros em igual ou pior situação. Ele sabia que não daria conta de tudo sozinho, mas não desistia de seu intento.
Do alto de uma nuvem, havia quem observasse a luta de Paulinho pelo bem-estar dos animais. E foi assim, que, numa tarde, São Francisco decidiu que Paulinho já não deveria mais lutar sozinho. E colocou a Bia em seu caminho.
Hoje em dia, Bia e Paulinho continuam na sua guerra contra os maus-tratos aos cachorros. Adotam cachorros de rua, alimentam-nos, dão-lhes remédios e muito carinho. Sabem que continuarão lutando até o fim de seus dias, pois para cada cahorro que eles acolhem, cinco são despejados em outro lugar. Mas não se queixam. Sua casa amanhece e adormece ao som dos latidos. E está sempre cercada de muito amor!
Vamos ajudar o Paulinho e a Bia na batalha contra os maus-tratos, amiguinhos? Cachorro é amigo, é para ser tratado com respeito e carinho. Nunca faça maldades aos animais, sejam eles cahorros ou não. Façamos do mundo um lugar mais bacana, onde animais e pessoas vivam em harmonia e com muito amor uns pelos outros.
Uma historinha por dia durante a Páscoa
Gente,
Muita gente vai viajar aproveitando o feriadão. Eu sou uma destas pessoas. Vou passar estes dias com meu marido, filho, sobrinhos, cunhados, comemorando não apenas a Páscoa, mas o aniversário da minha sogra. Vou para um hotel que tem wi-fi. A princípio, não terei nenhum problema em postar as historinhas do dia - que já estão aqui, armazenadinhas na caixa de saída. Para garantir, no entanto, e não deixar ninguém sem historinha, posto hoje, além da historinha do dia, duas 'novas velhas' histórias. Já contamos aqui 'O não casamento da Dona Baratinha'. E Monteiro Lobato nos deu uma lição em cima da clássica fábula 'A cigarra e a formiga'. Pois bem, posto agora as 'versões originais', em uma nova categoria - 'Historinhas Clássicas'. Assim, já temos mais duas historinhas para o dia de hoje - caso haja algum problema em algum dos dias (mas não vai haver, não!)
Para aqueles que vão viajar, desejo uma excelente viagem, que tudo corra bem e vocês aproveitem bastante. E que, se não conseguirem acessar o blog, programem-se para 'tirar o atraso' na volta!
Para aqueles que não vão viajar, desejo que aproveitem bem os dias, que passeiem bastante, vão até o parque, ao shopping, piscina, praia, cinema, teatro, ou o que mais vocês curtirem. E que, na volta para casa, relaxem um pouquinho lendo uma historinha.
Para todos, desejo uma Páscoa maravilhosa, com familiares e amigos ao lado - não apenas para comer chocolate, mas para celebrar a benção que é podermos ter uma família querida e bons amigos que trazem tanto amor às nossas vidas.
Um grande beijo para todos.
A Arca de Noé - Ruth Rocha
Mil beijos e bons sonhos.
A Arca de Noé
Esta história é muito,
Muito antiga.
Eu li
Num livrão grande do papai,
Que se chama Bíblia.
É a história de um homem chamado Noé.
Um dia, Deus chamou Noé.
E mandou que ele construísse
Um barco bem grande.
Não sei por quê,
Mas todo mundo chama esse barco
De Arca de Noé.
Deus mandou
Que ele pusesse dentro do barco
Um bicho de cada qualidade.
Um bicho, não. Dois.
Um leão e uma leoa...
Um macaco e uma macaca...
Um caititu e uma caititoa...
Quer dizer, caititoa não,
Que eu nem sei se isso existe.
E veio tudo que foi bicho.
Girafa, com um pescoço
Do tamanho de um bonde...
Tinha tigre de bengala.
Papagaio que até fala.
E tinha onça-pintada.
Arara dando risada,
Que era ver uma vitrola!
E um casal de tatu-bola...
Bicho d´água, isso não tinha,
Nem tubarão, nem tainha,
Procurando por abrigo.
Nem peixe-boi nem baleia,
Nem arraia nem lampreia,
Que não corriam perigo...
E zebra, que parece cavalo de pijama...
E pavão, que parece um galo
Fantasiado pra baile de carnaval.
E cobra, jacaré, elefante...
E paca, tatu e cutia também.
E passarinho de todo jeito.
Curió, bem-te-vi, papa capim...
E inseto de todo tamanho.
Formiga, joaninha, louva-a-deus...
Eu acho que Noé
Devia Ter deixado fora
Tudo que é bicho enjoado,
Como pulga, barata r pernilongo,
Que faz fiuuummm no ouvido da gente.
Mas ele não deixou.
Levou tudo que foi bicho.
Tinha peru, tinha pato.
Tinha vespa e carrapato.
Avestruz, carneiro, pinto...
Tinha até ornitorrinco.
Urubu, besouro, burro.
Gafanhoto, grilo, gato.
Tinha abelha, tinha rato...
Quando a bicharada
Estava toda embarcada,
E mais a família do Noé todinha,
Começou a cair uma chuvarada.
Mas não era uma chuvarada
Dessas que caem agora.
Você já viu uma cachoeira?
Pois era igualzinho
A uma cachoeira caindo,
Caindo, que não acabava mais.
Parecia o Rio Amazonas despencando.
E aquela água foi cobrindo tudo, tudo.
Cobriu as terras, cobriu as plantas, cobriu as árvores, cobriu as montanhas.
Só mesmo a Arca de Noé, que boiava em cima das águas, é que não ficou coberta.
E mesmo depois
Que passou a tempestade
Ficou tudo coberto de água.
E passou muito tempo.
Todo mundo estava enjoado
De ficar preso dentro da Arca,
Sem poder sair nem um bocadinho.
Os bichos até começaram a brigar.
Que nem criança,
Que fica muito tempo dentro de casa
E já começa a implicar com os irmãos.
O gato e o rato
Começaram a brigar nesse tempo
E até hoje não fizeram as pazes.
Até que um dia...
Veio vindo um ventinho lá de longe.
E as águas começaram a baixar.
E foram baixando, baixando...
E Noé teve uma idéia.
Mandou o pombo
Dar uma volta lá fora
Para ver como estavam as coisas.
Os pombos são ótimos para isso.
Eles sabem ir e voltar dos lugares,
Sem se perder, nem nada.
Por isso é que Noé escolheu o pombo
Para esse trabalho.
O pombo foi e voltou
Com uma folhinha no bico.
E Noé ficou sabendo
Que as terras já estavam aparecendo.
E as águas foram baixando
Mais e mais...
Então a Arca pousou
Sobre um monte.
E todo mundo pôde sair
E todo mundo ficou contente.
E todos se abraçaram
E cantaram.
E Deus pendurou no céu
Um arco colorido,
Todo de listras.
E esse arco queria dizer
Que Deus era amigo dos homens,
E que nunca mais
Ia chover assim na terra.
Você já viu, depois da chuva,
O arco-íris redondinho no céu?
Pois é pra sossegar a gente.
Pra gente nunca mais
Ter medo da chuva!
O aniversário de Tânia Tanajura
Mil beijos e bons sonhos.
O aniversário de Tânia Tanajura
Tânia Tanajura era uma formiga falante, engraçada e carinhosa. Por isso, tinha muitos e muitos amigos - além de ser conhecida e adorada por todo o formigueiro, era amiga de todos os bichos das redondezas. Assim sendo, quando chegou a época do seu aniversário, Tânia se viu diante de um problema. Como conseguiria enfiar todos os seus amigos dentro de sua casa, que era apertadinha, para comemorarem juntos o seu dia?
Tânia morava em um cantinho quentinho do formigueiro com seu irmão, Théo. A casinha pequenina era limpinha, toda rosa e azulzinha, e acomodava muito bem aos dois. Mas, para fazer uma festa, era preciso de espaço. E ali, espaço não havia.
Tânia foi falar com a Rainha, a chefona do formigueiro. Foi pedir-lhe que ela autorizasse a festa de aniversário no meio do Salão Grandão, onde as formigas se reuniam para as ocasiões importantes. A Rainha disse que não poderia autorizar, pois se ela fizesse a festa ali, todas as outras formigas seguiriam o exemplo, e daí seria festa todo dia e nada de trabalho. Tânia ficou triste, mas entendeu.
A formiguinha foi, então, falar com Lorota, a minhoca, que morava em um amplo loft embaixo da terra. Como ela vivia escavando buracos, sua casa crescia todo dia um pouco mais. Lorota não ligava muito para a casa, que era meio cinzinha e feinha. Mas, espaço para fazer a festa, ali tinha de sobra. Tânia conversou com a Lorota e perguntou-lhe se poderia usar sua casa para fazer sua festa de aniversário. Lorota disse que não poderia ser ali, pois a casa, apesar de grande, estava muito suja, cheia de terra, e que ela em breve começaria uma grande reforma. Tânia ficou triste, mas entendeu.
Tânia lembrou-se que Tetéia, a centopéia, tinha acabado de se mudar para um condomínio de alto luxo, que tinha playground e salão de festas. 'É isto!', pensou Tânia. 'Vou usar o salão de festas da Tetéia.' Quando chegou à casa de sua amiga centopéia, foi logo perguntando se poderia usar o salão de festas para fazer sua festa de aniversário. Tetéia disse que não daria para fazer a festa ali, porque o salão de festas era caro demais para que elas pudessem alugá-lo. Tânia ficou triste, mas entendeu.
Nossa pequena amiga estava bem chateada quando encontrou com Hugo, o caramujo. Hugo perguntou-lhe o que havia acontecido, e Tânia explicou-lhe sua odisséia. ' Se a minha casa não fosse apenas esta conchinha, Tânia, eu deixava você fazer a festa aqui...' Mas Tânia sabia que seus amigos não caberiam todos em uma concha.
Tânia ainda tentou falar com Bela, a libélula, e com Marcão, o zangão. Nada. Nenhum bicho queria ajudar Tânia em sua festa de aniversário. Tânia ficou triste, e não entendeu! Se todos eram seus amigos, como poderiam dar tão pouca importância ao seu pedido? Foi para casa amuadinha e chorou até pegar no sono.
No dia seguinte já era o aniversário da pequena tanajura. Ela acordou ainda um pouco cabisbaixa, já que não conseguiria fazer sua festinha. Mas pensou: 'vou fazer um bolo bem gostoso. Pelo menos eu e o Théo cantaremos os meus parabéns!' Tânia foi para a cozinha, e fez um bolo de chocolate muito gostoso. Assim que ele estava pronto, foi até o quarto de seu irmão, chamá-lo para que pudessem comer juntos. Bateu na porta do quarto. Nada. Tum, tum,tum. Nada. Tum,tum,tum. Nada. Tumtumtumtum! Bateu com força, ansiosa por uma resposta que não vinha. Abriu a porta e, para sua surpresa e decepção, avistou o quarto vazio. Então até mesmo Théo esquecera-se do seu aniversário?
Tânia ficou muito triste. Era muito chato cantar os parabéns para si mesma, sem ninguém para acompanhá-la. Ela sempre achara que tinha tantos amigos, mas agora via que eles não eram tão seus amigos quanto ela pensava. Tânia estava decidida a comer todo o bolo sozinha quando o telefone tocou. A ligação estava muito ruim, mas ela ouviu alguém (seria Lorota?) dizer que Théo tinha machucado a patinha, e que ela deveria correr até o descampado para ajudá-lo. Tânia saiu em velocidade máxima, preocupada com a saúde de seu irmão.
Quando chegou ao descampado, que surpresa! Théo, Lorota, Tetéia e muitos outros amigos estavam reunidos. Havia uma toalha enorme posta no chão, com muitos sanduíches, biscoitos, sucos e um bolo lindo, enorme, onde estava escrito 'feliz aniversário, Tânia'. Tânia mal coube em si de tanta felicidade. Todos se lembraram do seu aniversário, afinal, e lhe fizeram uma linda festa surpresa! A tanajura estava exultante por ver que tinha tantos e tão bons amigos. E como é bom ter amigos!